XP/Ipespe: Avaliação de Bolsonaro chega ao pior patamar, enquanto governadores e Congresso ganham apoio

SÃO PAULO – Em meio ao avanço da pandemia causada pelo novo coronavírus, a avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro junto à população chegou ao seu maior patamar desde o início do mandato, ao passo que os governadores de todas as regiões do Brasil e o Congresso Nacional tiveram seus níveis de aprovação elevados. Os dados são da última pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta sexta-feira (3).

De acordo com o levantamento, realizado entre os dias 30 de março e 1º de abril com 1.000 entrevistados de todas as regiões do país, a avaliação negativa (“ruim” e “péssimo”) do governo Bolsonaro chegou a 42%, ante os 36% apresentado na edição anterior da pesquisa, realizada há duas semanas.

Já as avaliações positivas (“ótimo” e “bom”) oscilaram de forma descendente para 28%, dois pontos percentuais abaixo do registrado no levantamento anterior. Enquanto o grupo dos que avaliam a atual administração como “regular” também oscilou 31% para 27%. A margem máxima de erro da pesquisa é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Em relação à expectativa sobre o restante do mandato presidencial, a pesquisa mostra que o grupo que espera uma gestão positiva continua, desde novembro do ano passado, apresentando uma trajetória de queda. De lá para cá, o tombo foi de 12 pontos percentuais, marcando 34% – também a pior marca da série deste governo.

Por outro lado, o grupo que espera uma gestão negativa oscilou de maneira ascendente para 37%, depois de ficar estável em 33% nos três primeiros meses do ano. Repetindo a dose da última edição da pesquisa, as expectativas positivas e negativas encontram-se novamente em empate técnico, considerando a margem de erro.

Na esfera estadual, a avaliação da administração dos governadores apresentou uma curva ascendente para 44%, 18 pontos percentuais acima da última pesquisa. Já a avaliação negativa diminuiu 12 pontos, para 15%.

O desempenho coincide com as respostas dadas até o momento ao avanço da pandemia do novo coronavírus. Chefes de governos estaduais optaram por medidas mais enfáticas, como o isolamento social – iniciativa defendida pelo próprio Ministério da Saúde e por organizações internacionais.

O movimento é criticado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que chegou a minimizar os efeitos da doença e defende uma retomada das atividades em setores da economia, com uma flexibilização das medidas restritivas.

Em relação ao Congresso, a maior parcela das pessoas ainda desaprova a atuação de deputados e senadores, mas a pesquisa mostra uma diminuição 12 pontos percentuais, para 32% na avaliação negativa. Enquanto o grupo que acredita o desempenho do atual Congresso é positivo apresentou uma oscilação ascendente em cinco pontos percentuais, para 18% – maior patamar desde abril de 2019.

O levantamento também mostra qual a percepção da opinião pública sobre o maior responsável pela atual situação econômica do Brasil.

Embora 26% dos entrevistados acreditem que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja o culpado pela situação atual, o grupo de pessoas que atribuem ao governo Bolsonaro a responsabilidade pelo desempenho econômico chegou a 19% – porcentual maior do que os governos Dilma (12%) e Temer (8%). Foi um salto de 14 pontos percentuais em um ano.

As movimentações observadas nas curvas de popularidade do governo Bolsonaro somadas à opinião pública sobre a administração dos governadores e o aumento da percepção sobre de quem é a responsabilidade sobre a atual situação econômica indicam uma piora na percepção da população sobre os rumos da economia brasileira.

Segundo a pesquisa, 50% dos entrevistados consideram que a economia está no caminho errado, contra 36% que veem a economia no caminho certo.

Para Richard Back, chefe de análise política da XP Investimentos, apesar da piora nos níveis de aprovação de Bolsonaro, o mandatário ainda possui um núcleo forte de apoio.

“O presidente tenta entender o que essa parcela de 30% quer ouvir. Pauta esse grupo e é pautado por ele. Considerando os dados da pesquisa da XP/Ipespe é improvável uma mudança na linha política dele nesse momento, ainda mais por esse núcleo de apoio sólido. Primeiro o discurso é para essa parcela e depois para o resto da população. É disso que ele precisa para chegar em 2022 vivo para a disputa”, diz.

A pesquisa XP/Ipespe ouviu 1.000 eleitores de todas as regiões do país, entre os dias 30 de março e 1 de abril. As entrevistas foram conduzidas por operadores, pelo telefone. A margem máxima de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

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