Veto de Bolsonaro à prorrogação da desoneração da folha será votado no dia 4, diz Alcolumbre
Presidente do Congresso convocou sessão para a primeira semana de novembro. Parlamentares já aprovaram manter desoneração de 17 setores até 2021, mas Bolsonaro vetou medida. O presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciou nesta quarta-feira (21) que pretende colocar em votação no próximo dia 4, o veto do presidente Jair Bolsonaro à prorrogação, até 2021, da desoneração da folha de pagamento.
Bolsonaro vetou em julho o dispositivo que prorrogava até o ano que vem a desoneração da folha das empresas de 17 setores da economia e que empregam mais de 6 milhões de pessoas.
A prorrogação até 2021 foi incluída pelo Congresso na medida provisória que permitiu a redução da jornada de trabalho e do salário em razão da pandemia do novo coronavírus. Com o veto, a desoneração acaba no final deste ano — a não ser que o Congresso derrube o ato do presidente.
“A votação na sessão no Congresso prevê a votação do veto da desoneração. Então, dia 4 de novembro, eu pretendo colocar todos os PLNs que estão pendentes na pauta e todos os vetos”, disse Alcolumbre.
Na terça, trabalhadores voltaram a pedir derrubada do veto à prorrogação da desoneração da folha
O presidente do Senado confirmou a agenda durante a sessão que aprovou a indicação do desembargador Kassio Marques para o Supremo Tribunal Federal (STF). Ao fim, em entrevista, Alcolumbre reafirmou a data.
Os PLNs citados pelo senador são projetos de lei do Congresso – em geral, autorizações para o governo incluir gastos no orçamento do ano atual.
Eles só podem entrar em votação se não houver vetos presidenciais pendentes “trancando” a pauta. O veto à prorrogação das desonerações, por exemplo, está trancando a pauta do Congresso desde o início de agosto.
Alcolumbre disse acreditar que, mesmo com a proximidade das eleições municipais, conseguirá reunir o número mínimo de deputados e senadores para realizar a sessão do Congresso. Será permitida a participação virtual dos parlamentares.
A desoneração
Lei sancionada em 2018 pelo então presidente Michel Temer estabeleceu a reoneração da folha de pagamento de 39 setores da economia que antes tinham esse benefício fiscal.
No entanto, na ocasião, foi mantida a desoneração até o fim de 2020 para empresas de 17 segmentos. O prazo foi estendido pelo Congresso Nacional em texto incluído na medida provisória que reduziu a jornada de trabalho.
As empresas desses setores, em vez de contribuírem para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sobre a folha de pagamento com alíquota de 20%, pagam um percentual – até 4,5% a depender do setor – sobre o valor da receita bruta.
Comissão de Orçamento
Davi Alcolumbre também disse que espera conseguir resolver, na mesma semana, o impasse que impede os trabalhos da Comissão Mista de Orçamento, a fim de destravar a discussão do orçamento de 2021.
O esforço concentrado na primeira semana de novembro deve incluir, ainda, uma tentativa de votar o projeto que prevê autonomia do Banco Central. Senadores chegaram a pedir que o tema entrasse na pauta desta quarta, mas houve discordância entre os líderes partidários e a votação foi adiada.
“Será uma agenda muito importante do ponto de vista da economia. Especialmente, posso falar da votação importantíssima que ficou definida hoje, que é a autonomia do Banco Central”, disse.
Kassio Marques
Alcolumbre avaliou que a aprovação do desembargador Kassio Marques para o STF, com 57 votos a favor e 10 contrários, ocorreu graças à biografia do jurista e as conversas que ele manteve com senadores para se apresentar.
“Acho que foi uma votação expressiva pela biografia e pela história do desembargador Kassio, e pela honrosa missão que terá agora de fazer parte da Suprema Corte”, disse.
Marques foi a primeira indicação de Bolsonaro para o STF. Ele foi sabatinado nesta quarta e aprovado pelo plenário para substituir o ministro Celso de Mello, que se aposentou.
Chico Rodrigues
Alcolumbre também comentou o pedido de licença do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela Polícia Federal com dinheiro na cueca.
“A licença é a autonomia que cada parlamentar tem de escolher o momento de se licenciar do mandato, todos fazem isso”, disse Alcolumbre.
Quem deve assumir o mandato é o primeiro suplente, Pedro Arthur Ferreira Rodrigues, filho do parlamentar.
O ex-vice-líder do governo no Senadof oi flagrado com R$ 33 mil na cueca na semana passada, durante uma operação que cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do parlamentar. O DEM, partido ao qual Chico Rodrigues é filiado, pediu ao STF para acessar as investigações.