USP, Unicamp e Unesp decidem manter ensino à distância durante o 2º semestre de 2020
As três maiores universidades do Estado de São Paulo afirmam que vão aguardar diretrizes do governo paulista sobre o controle da pandemia da Covid-19 para adequarem o calendário deste ano à retomada das atividades presenciais. Praça do Relógio, na Cidade Universitária da USP, em São Paulo
Divulgação/USP
O vice-reitor da Universidade de São Paulo (USP), Antonio Carlos Hernandes, apresentou nesta segunda-feira (16) o plano de readequação das atividades acadêmicas da instituição, que prevê o continuidade do ensino à distância, nos cursos de graduação e pós-graduação, durante o segundo semestre do ano letivo de 2020. A Unicamp e a Unesp também informaram nesta quarta-feira (17) ao corpo de professores que continuarão com as aulas online na retomada do segundo semestre (veja abaixo).
O começo do próximo semestre na USP está previsto para 18 de agosto, com a utilização da metodologia das aulas online, que podem ou não permanecer até o fim do período. “É importante destacar que esse calendário poderá ser revisto no momento em que a situação epidemiológica for favorável”, afirmou Edmund Chada Baracat, pró-reitor de Graduação da universidade.
A segundo semestre também terá início com aulas online na Universidade de Campinas (Unicamp) e na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp).
Na Unicamp, o calendário das aulas está sendo definido nesta semana por cada uma das institutos e faculdades que formam a instituição. Porém, o reitor já adiantou ao corpo de professores que as aulas do segundo semestre serão retomadas no atual modelo de ensino à distância e a universidade vai aguardar as diretrizes do governo de São Paulo sobre a retomada das atividades presenciais em toda a rede pública de ensino.
Nesta quarta (17), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que a Secretaria de Educação deve apresentar em 24 de junho um calendário de retomadas das atividades de ensino presencial no estado, mas que a volta de fato das aulas não deve acontecer logo.
“Em todo o mundo, a última etapa foi a etapa do ensino, porque o risco é maior de contágio. Então, nós faremos isso de forma muito cuidadosa. E no dia 24 de junho, quarta-feira da próxima semana, o secretario da educação Rossieli Soares anunciará quando as aulas poderão voltar, em que nível [se referindo às cores do Plano SP], em que momento e com quais protocolos”, afirmou Doria.
Unesp
Na Unesp, o reitor Sandro Roberto Valentini afirmou ao jornal ‘O Estado de São Paulo’ nesta quarta (17) que as atividades vão ser retomadas remotamente no segundo semestre, e que “a universidades vai fazer um esforço muito grande com alunos que estão para se formar este ano”.
Valentini também declarou em entrevista que a retomada de 100% das atividades presenciais neste ano “é improvável” na Unesp, mas que tudo ainda depende das diretrizes do governo paulista sobre o avanço da pandemia do coronavírus em São Paulo.
Aulas na USP
Segundo a USP, o uso de plataformas online para a realização das aulas já está em prática desde quando as atividades presenciais da instituição foram suspensas, em 17 de março, dia em que o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, decretou estado de emergência na capital devido à pandemia do novo Coronavírus.
“No caso da USP, eu posso dizer que 90% das disciplinas teóricas ou teóricas-práticas estão sendo oferecidas (online)”, afirmou Vahan Agopyan, reitor da Universidade de São Paulo, em videoconferência com reitores de outras cinco universidades públicas do estado.
“Conseguimos em duas semanas oferecer praticamente todas as disciplinas de uma maneira remota, desde métodos bem simples de estudos de casos e leitura dirigida até aulas com ferramenta de educação à distância”, disse ele.
No início de maio, o G1 já tinha conversado com alunos da Universidade de São Paulo que apontaram uma desigualdade na metodologia do ensino à distância, motivada pela falta de infraestrutura e dificuldade de acesso que estudantes da instituição enfrentam, em suas diversas realidades socioeconômicas.
Os universitários também demonstraram preocupação quanto à qualidade do ensino. “Mesmo disciplinas teóricas possuem atividades práticas essenciais, então essa metodologia pode prejudicar o aprendizado”, relatou um aluno do curso de Odontologia. “Estamos falando de um curso da área da saúde e, além disso, também falta um plano por parte da faculdade de como juntar as disciplinas que foram para o EAD (ensino à distância) com as que não foram”, disse o rapaz.
De acordo com o plano apresentado pelo vice-reitor, durante a reunião de dirigentes, a reposição das disciplinas práticas perdidas pelos alunos devido à pandemia está prevista para ocorrer entre os meses de janeiro e março do próximo ano letivo.
“É impossível planejar o ensino do futuro próximo sem já incluir essa nova visão de formação dos alunos. Lembrando que nós, como a universidade de pesquisa, nós temos a obrigação desse ensino todo estar em um ambiente de pesquisa. Mesmo sendo remoto, esse ambiente tem que estar de uma certa maneira presente para os alunos”, afirmou Agopyan.
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