Usar verba de precatórios para novo  programa social é ‘proposta esdrúxula’, diz assessor de Guedes

Afif Domingos diz que postergar pagamento de dívidas do governo tem caráter provisório, enquanto Renda Cidadã será permanente. Ideia não partiu do Ministério da Economia, diz. O assessor especial do ministro Paulo Guedes, Guilherme Afif Domingos, afirmou nesta quinta-feira (1º) que a ideia de adiar o pagamento de precatórios e remanejar o orçamento para um novo programa social é “uma proposta esdrúxula, que não tem cabimento”.
Segundo Afif, a ideia anunciada pelo governo no início da semana, criticada pelo mercado e por parlamentares, não saiu do Ministério da Economia. O assessor declarou que a posição do ministro da Economia, Paulo Guedes, também é de rejeitar essa proposta.
“Nós não vamos postergar dívida para arrumar dinheiro para programas sociais. Porque esses programas vão ter cunho permanente e essa postergação de dívida tem um caráter provisório. Vai descasar no orçamento. Portanto, é uma proposta esdruxula que não tem cabimento”, disse.
Na quarta, Guedes descartou uso de dinheiro de precatórios para o Renda Cidadã
Os precatórios são dívidas do governo que já foram reconhecidas pela Justiça. A cada ano, a União reserva parte do orçamento para quitar esses débitos, de acordo com uma fila pré-estabelecida. A proposta orçamentária de 2021, em análise no Congresso, separa R$ 55 bilhões para o pagamento de precatórios.
Afif afirmou que o Ministério da Economia apenas apontou as relações das despesas previstas no orçamento, e que uma que “salta aos olhos” é o volume desses pagamentos.
Na quarta (30), o próprio ministro Paulo Guedes afirmou que o que o objetivo do governo, ao examinar o uso de dinheiro destinado ao pagamento de precatórios, não era financiar o novo programa social – mas sim, manter as despesas sob controle.
Relator diz que Renda Cidadã vai ser financiado com recursos do Fundeb e dos precatórios
Anúncio e críticas
Na segunda (28), o senador Márcio Bittar (MDB-AC), afirmou o programa Renda Cidadã será financiado com recursos do Fundeb e com verbas reservadas no Orçamento para pagamentos de precatórios. O anúncio foi feito após reunião no Palácio do Alvorada com o presidente Jair Bolsonaro, ministros e líderes partidários.
Após Guedes rejeitar a proposta em público, o ministro foi alvo de críticas em uma reunião no Palácio do Planalto na manhã desta quinta. Segundo informou o blog do Valdo Cruz, o presidente Jair Bolsonaro concordou com boa parte das críticas, mas deixou claro que nem cogita troca no Ministério da Economia.
Os líderes reclamam que Paulo Guedes não vetou o uso dos precatórios, antes do anúncio, mas depois criticou a proposta em público. O ministro da Economia participou da reunião de segunda-feira e da declaração em frente ao Alvorada.
Segundo o blog, a equipe de Paulo Guedes admite que apontou os gastos com o pagamento de precatórios como uma fonte de receita a ser aberta no Orçamento da União, diante do elevado crescimento dessas despesas – que passaram de R$ 10 bilhões no governo Dilma Rousseff para R$ 54 bilhões agora, na gestão Bolsonaro.