Unicamp aprova cotas étnico-raciais e sociais nos colégios técnicos de Campinas e Limeira


Cotuca e Cotil vão reservar 70% das vagas para alunos de escolas públicas, sendo 35% para estudantes pretos, pardos e indígenas. Implantação ocorre no próximo processo seletivo. Vista aérea da Unicamp, em Campinas
Antoninho Perri/Ascom/Unicamp
O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp aprovou, nesta terça-feira (2), a aplicação de cotas étnico-raciais e sociais nos processos de seleção dos dois colégios técnicos mantidos pela universidade estadual – o Cotuca, de Campinas, e o Cotil, em Limeira (SP).
Os dois colégios somam 3,6 mil alunos, sendo 2,1 mil no Cotuca e 1,5 mil que estudam em Limeira. Com a aprovação, a política de cotas passa a valer para o próximo processo seletivo, com ingresso no ano letivo de 2021.
Serão reservadas 70% das vagas de cada curso para alunos que cursaram todo o ensino fundamental 2 em escola pública. Destes, 35% serão preenchidas por alunos autodeclarados pretos, pardos e indígenas. Veja abaixo:
35% das vagas de cada curso serão preenchidas por estudantes pretos, pardos e indígenas que tenham cursado todo o ensino fundamental II em escola pública.
35% das vagas de cada curso serão preenchidas por estudantes que tenham cursado todo o ensino fundamental II em escola pública.
30% das vagas de cada curso destinadas à ampla concorrência.
O preenchimento das vagas reservadas será, primeiramente, por candidatos que se enquadram nos respectivos grupos. No caso de as vagas não serem preenchidas, serão convocados os candidatos de cada grupo, social e racial, classificados na lista da ampla concorrência.
Luta pelo modelo
A sanção no Consu ocorre dois anos depois da aprovação da primeira proposta de cotas no Cotuca, em 23 de maio de 2018. De lá para cá, foi discutida em várias instâncias.
“Essa foi uma proposta que amadureceu junto com a comunidade da Unicamp, com os coletivos do movimento negro, que pautam esse tema dentro da universidade. Depois de aprovada no Cotuca, ela foi pro Cotil e do Cotil, foi unificada”, explicou o professor do Cotuca, André Pasti.
Ao ser unificada, a proposta seguiu para debates em câmaras da Unicamp e seguiu para a Comissão Assessora da Diversidade Étnico-racial. Segundo Pasti, o modelo retornou para debate com a comunidade e, por fim, acabou aprovado no Consu.
Diferença com universidade
Pasti explica que a seleção nos colégios terá uma diferença fundamental em relação aos vestibulares da Unicamp. No processo seletivo de Cotil e Cotuca, os alunos vão prestar o vestibulinho sem ter que escolher concorrer pelas cotas ou pela livre concorrência.
Após as provas e com os resultados, as próprias instituições garantem a reserva proporcional das vagas.
O professor do Cotuca afirma que o modelo com cotas promove maior justiça. Os dados usados pela Unicamp apontam que, na Região Metropolitana de Campinas (RMC), 78,2% dos alunos matriculados no ensino fundamental 2 vieram da rede pública. No estado de São Paulo, o índice passa de passa de 80%.
“A gente tá tentando espelhar melhor essa realidade. O aluno da escola particular vai continuar tendo boas chances de concorrência”, explicou.
Cotas na Unicamp
O vestibular da Unicamp utiliza o modelo de cotas desde o vestibular aplicado em 2018. A proposta foi aprovada pelo Consu em 21 de novembro de 2017.
No vestibular deste ano, 1.444 candidatos aprovados se autodeclararam pretos ou pardos no vestibular 2020. O percentual de autodeclaração rejeitada foi de 6% e outros 23,6% não compareceram às bancas de averiguação.
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