Uma em cada cinco profissões no Brasil pode adotar home office, aponta estudo

Por causa do isolamento social, adotado como medida de combate ao novo coronavírus, vários brasileiros migraram seus locais de trabalho para a própria casa, se adaptando ao home office ou teletrabalho. Pois é possível que essa mudança, que é tendência mundial, tenha chegado para ficar.

De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quarta-feira (3), o formato pode passar a ser adotado em 22,7% das ocupações nacionais. Isso significa que uma em cada cinco profissões pode seguir com o home office ao fim da pandemia da covid-19 – o que atingiria mais de 20 milhões de pessoas. 

Foram analisadas 434 ocupações. O resultado coloca o Brasil na 45ª posição mundial do ranking de trabalho remoto, além do 2º lugar na lista entre os países da América Latina. Segundo o Ipea, o formato não é novo, mas tem grande potencial de crescimento.

Os profissionais com maiores probabilidades de teletrabalho são os de ciências e intelectuais, diretores e gerentes e técnicos e profissionais de nível médio. Por outro lado, trabalhadores da agropecuária, da caça e da pesca e militares têm as menores chances de home office.

“Se a ocupação envolve trabalho fora de um local fixo e operação de máquinas e veículos ela é considerada como não passível de teletrabalho”, explicou Felipe Martins, pesquisador do Ipea.

O estudo mostrou também que disparidades regionais. O Distrito Federal tem o maior potencial de teletrabalho, onde 31,6% dos empregos podem ser executados de forma remota. Em seguida, aparecem  São Paulo (27,7%) e Rio de Janeiro (26,7%). A Bahia tem 18,6% e está na 20ª posição. Em último, na 27ª colocação entre os estados, com o menor potencial de teletrabalho, está o Piauí (15,6% das atividades).

Intitulado Potencial de Teletrabalho na Pandemia: Um Retrato no Brasil e no Mundo, o estudo segue metodologia da Universidade de Chicago na estimativa do teletrabalho em 86 países. Mas adapta para a realidade nacional, com a conversão das funções para a Classificação de Ocupações para Pesquisas Domiciliares, adotada pela PNAD Contínua, do IBGE.

Em comparação internacional, Luxemburgo lidera o ranking entre os 86 países avaliados, com 53,4% dos empregos com potencial para home office. Em último, aparece Moçambique, com chances de apenas 5,24%.

Entre os 9 países da América Latina que constam no estudo (Brasil, Bolívia, Chile, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, México e Panamá), o Chile é o que apresenta maior potencial, com 25,74%.

Ranking dos estados em percentual de teletrabalho potencial:

  • Distrito Federal: 31,5%
  • São Paulo: 27,7%
  • Rio de Janeiro: 26,7%
  • Santa Catarina: 23,8%
  • Paraná: 23,3%
  • Rio Grande do Sul: 23,1%
  • Espírito Santo: 21,8%
  • Roraima: 21,0%
  • Tocantins: 21,0%
  • Rio Grande do Norte: 20,9%
  • Goiás: 20,4%
  • Minas Gerais: 20,4%
  • Mato Grosso do Sul: 20,3%
  • Paraíba: 19,8%
  • Sergipe: 19,4%
  • Amapá: 19,1%
  • Acre: 19,0%
  • Ceará: 18,8%
  • Pernambuco: 18,8%
  • Bahia: 18,6%
  • Mato Grosso: 18,5%
  • Alagoas: 18,2%
  • Amazonas: 17,7%
  • Maranhão: 17,5%
  • Rondônia: 16,7%
  • Pará: 16,0%
  • Piauí: 15,6%

Algumas ocupações analisadas:

  • Diretores e gerentes: 61%
  • Profissionais das ciências e intelectuais: 65%
  • Técnicos e profissionais de nível médio: 30%
  • Trabalhadores de apoio administrativo: 41%
  • Trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados: 12%
  • Trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e outros ofícios: 8%
  • Trabalhadores qualificados da agropecuária, florestais, da caça e da pesca: 0%
  • Operadores de instalações e máquinas e montadores: 0%
  • Ocupações elementares: 0%
  • Membros das Forças Armadas, policiais e bombeiros militares: 0%