Tenente-coronel de AL que lidera campanha contra assédio nos quartéis denuncia à polícia que recebeu ameaças


Ela passou a receber mensagens de ódio e exposição do seu número de telefone, endereço, CPF e até nomes de familiares. Tenente-coronel Camila Paiva, do Corpo de Bombeiros de Alagoas, lidera campanha contra assédio dentro dos quartéis
Arquivo pessoal
A tenente-coronel Camila Paiva, do Corpo de Bombeiros de Alagoas, que está à frente da campanha #assédionoquartel, denunciou à Polícia Civil que recebeu ameaças após a campanha ganhar repercussão. A informação foi confirmada ao G1 nesta quinta-feira (30).
A campanha #assédionoquartel reúne relatos de abusos sofridos por mulheres militares dos bombeiros e da Polícia Militar.
Segundo a tenente-coronel, no domingo (26) ela passou a receber mensagens com ameaças, utilizando dados pessoais como endereço e números de documentos.
“Recebi a primeira mensagem no domingo, com palavras ofensivas, algumas imagens que não consegui identificar, e todos os meus dados pessoais como telefone, endereço, CPF, nome dos meus familiares. Eu achei que não era nada grave. Porém, no dia seguinte eu recebi uma mensagem por meio de uma bombeiro do Acre que a escritora Lola Aronovich, que já foi vítima de ataques desse tipo e que pesquisa sobre esse tipo de prática, tinha tido acesso a um chan (sala virtual na deepweb em que pessoas se organizam para orquestrar ataques contra feministas, negros, LGBTQIs e militantes), avisando que estavam com meu nome, meus dados e minhas fotos se organizando para fazer ataques contra mim”, explicou a tenente-coronel.
A tenente-coronel Camila diz que a escritora não a conhecia. “Mas conhecia essa bombeiro, entrou em contato com ela, explicou o que estava para acontecer e mandou prints do material que ela viu lá. São pessoas do Brasil e do mundo inteiro que se organiza pra praticar esses crimes de ódio”.
Ela levou o material enviado à Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic), especializada em crimes cibernéticos, no bairro da Santa Amélia, em Maceió, onde abriu o boletim de ocorrência na terça-feira (28) acompanhada de uma advogada.
Assédio dentro de quartéis
A campanha usa a hashtag #assédionoquartel, em que mulheres militares postam fotos em preto e branco com relatos de situações vividas por elas mesmas ou colegas de farda, usando o codinome Maria para relatar o assédio.
Depois que a tenente-coronel Camila divulgou o caso dela nas redes sociais, outras 15 mulheres militares de Maceió também relataram histórias de assédio. As postagens encorajaram mais mulheres, inclusive de quartéis de outros estados, a se manifestar.
Campanha incentiva denúncias de assédio contra mulheres no Corpo de Bombeiros e PM de AL
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