‘Temos que deixar as pessoas trabalharem’, diz presidente do BB


Para Rubem Novaes, as quedas das curvas de morte por coronavírus já deveriam ter permitido a abertura da economia e o retorno ao trabalho. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, durante cerimônia de posse aos presidentes dos bancos públicos
Evaristo Sá/AFP
O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novais, disse nesta sexta-feira (17), em live da Federação Brasileira de Bancos, que a necessidade por crédito é brutal e a solução para impulsionar o crescimento é a abertura econômica.
“Há essa sensação de que o sistema bancário não está fazendo o suficiente. O que está havendo é que está expandindo o crédito, mas a demanda cresce demais, diz .
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Segundo Novaes, o BB concedeu R$ 182 bilhões em créditos desde o início da pandemia, em meados de março. Deste valor, R$ 94 bilhões foram de novos contratos e R$ 88 bilhões em renegociações.
As pessoas jurídicas ficaram com R$ 99 bilhões dos empréstimos. Pessoas físicas, R$ 48 bilhões. Grande financiador do agronegócio, o BB concedeu ao setor R$ 35 bilhões.
“O problema é que a necessidade é brutal. Temos que liberar a economia, deixar as pessoas trabalharem. Em São Paulo e no Rio as curvas [de mortes por Covid-19] estão caindo, temos que deixar as pessoas trabalharem”, disse.
O discurso de Novaes se alinha ao do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), atribuindo uma contenção exagerada das medidas de isolamento social a prefeitos e governadores. Para Novaes, as medidas adotadas, como o isolamento social para conter o vírus, não souberam equilibrar saúde e economia.
“Não se pode dar a governadores e prefeitos a incumbência de cuidar da crise sem que olhem para consequência de suas ações na área econômica, seja desemprego, fechamento de empresas ou desorganização das contas públicas”, disse o presidente do BB.
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“Quando se dá o poder de decisão para um lado só e deixa as consequências de fora, não atinge o equilíbrio correto entre epidemia e economia.”
O Brasil, contudo, registrou nas últimas 24h quase 1,3 mil mortes pelo novo coronavírus. Dentro das médias móveis para os últimos sete dias, 10 estados ainda têm altas no número de óbitos (outros 10 estão estáveis).
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Futuro da economia
Para o presidente do BB, os números da economia dão as primeiras mostras de que a recuperação é “lenta, mas sólida”. Novaes acredita que a queda brusca será compensada por uma retomada em swoosh, logomarca da empresa de artigos esportivos Nike.
“A agricultura quase não sentiu impactos da crise. O comércio teve uma capacidade de adaptação incrível, aprendeu a vender muito rápido. O único setor que continua sofrendo muito é o de servicos, porque requer a presença do consumidor”, diz.
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O executivo diz ainda que se preocupa com os moldes da reforma tributária em discussão no Congresso Nacional porque atinge o setor de serviços em momento de fragilidade.
“Para quem olha para a economia brasileira, não há mal mais permanente que o problema temporário do governo”, diz.
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Privatização do BB
Novaes comentou também sobre uma possível privatização do Banco do Brasil. Ele diz que foi chamado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para um gestão de “maximização de valor” para a instituição e que o modelo bipartido entre capital aberto e vínculo ao governo limita as decisões da gestão.
Ainda assim, diz, vem conseguindo reconhecer perdas potenciais e colocar o banco em uma trajetória de retorno financeiro próxima à dos concorrentes privados.
“O Banco do Brasil tem uma situação privilegiada. Se olhar os ativos, a carteira global de credito, temos participação grande na agricultura, que está indo bem [durante a crise]”, diz.
“Temos muitos clientes pessoas físicas do setor público. Não tem demitido, nem reduzido salário. Essa clientela não tem sofrido muito impacto da pandemia.”
O presidente do banco diz ainda que foi beneficiado com um volume de crédito alto para o setor público, com garantia da União. “Levando em conta a conjuntura, os retornos são fortes e é a perspectiva para todo o ano.”