Salim Mattar diz que governo não vende estatais por vontade política e que deixa cargo por não se adaptar à ‘lentidão’ do Estado

Anúncio da saída de Salim Mattar da Secretaria de Desestatização foi feito nesta terça por Guedes. À GloboNews, Mattar também disse ser preciso ‘vontade política’ para fazer privatizações. ‘Sou um animal do setor privado’, diz Salim Mattar
O empresário Salim Mattar afirmou nesta quarta-feira (12) em entrevista à GloboNews que preferiu deixar o cargo de secretário de Desestatização porque é um “animal” do setor privado que não se adapta à “burocracia” do Estado.
O anúncio da saída de Mattar foi feito nesta terça (11) pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. A exoneração, contudo, ainda não foi oficializada no “Diário Oficial da União”. Além de Mattar, o secretário de Desburocratização, Paulo Uebel, deixará o cargo.
Para Guedes, houve uma “debandada” na pasta (outros sete integrantes da equipe econômica também entregaram os cargos).
“Eu estou saindo do governo por diversas circunstâncias. Uma circunstância é que eu tenho um projeto que deixei na iniciativa privada, que é alavancar meus estudos liberais no Brasil, disseminando as ideias liberais”, afirmou Salim Mattar.
“Sobre a velocidade, a celeridade das privatizações, claro, eu sou um animal da iniciativa privada, eu não me adaptarei às coisas do Estado: a lentidão, a burocracia. Não posso me adaptar. Então, é o seguinte. Eu prefiro do governo do que me adaptar a essa lentidão que acontece no Estado”, completou.
‘Vontade política’
Durante a entrevista à GloboNews, Salim Mattar também disse que as privatizações continuam sendo “um dos pilares” do ministro Paulo Guedes, mas que é preciso ter “vontade política”.
“As nossas empresas estatais valem R$ 1 trilhão. Gente, se vender Petrobras, Banco do Brasil, tudo, dá R$ 1 trilhão. Com R$ 1 trilhão, nós resolvemos todas as finanças do país. Por que não fazemos isso? Não deveríamos fazer isso? É uma questão de mentalidade e vontade política. Então, nós votamos em deputados, senadores, presidente. Mas essa é uma decisão política. Mas, olha, se alguém quisesse resolver os problemas das finanças públicas, bastava vender todas essas estataism e nós teríamos um país surfando a partir do próximo ano”, disse Mattar.
Questionado durante a entrevista se acha que “falta vontade política” no Congresso e no governo, respondeu:
“Deve ser bastante justo com o Congresso, pois o nosso projeto de lei para capitalizar a Eletrobras, ou seja, o governo não vai entrar na capitalização e ela será então privatizada por consequência. Esse projeto está desde novembro no Congresso e agora acertamos a modelagem. Então, ou seja, o Congresso está hoje avaliando nos próximos 30, 60 dias aprovar o projeto de lei de capitalização da Eletrobras. Então repara que o Congresso está sendo consciente, sensato e permitindo que se privatize uma empresa.”
Vídeos
Assista abaixo a mais vídeos da entrevista de Salim Mattar à GloboNews:
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