Putin sobe o tom de ameaça e diz que guerra na Ucrânia “mal começou”
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, subiu o tom e disse que a Rússia “mal começou” a ofensiva contra a Ucrânia. Em reunião com líderes parlamentares, ele ainda desafiou o Ocidente a tentar derrotá-la no campo de batalha.
O chefe do Kremlin ressaltou, nessa quinta-feira (7/7), que as perspectivas de negociação se tornarão mais fracas com o tempo, enquanto o conflito se arrastar. Ele também acusou nações aliadas à Ucrânia de tentar “alimentar” hostilidades.
“Todo mundo deve saber que, em geral, ainda não começamos nada a sério”, disse. “Ao mesmo tempo, não rejeitamos as negociações de paz. Mas, aqueles que os rejeitam devem saber que quanto mais longe for, mais difícil será para eles negociarem conosco.”
Putin ressaltou que os países do Ocidente estão querendo “lutar contra a Rússia até o último ucraniano” e que o resultado disso traria apenas mais tragédia ao Leste Europeu.
“Hoje ouvimos que eles querem nos derrotar no campo de batalha. O que podemos dizer? Deixe-os tentar”, afirmou. “Os objetivos da operação militar especial serão alcançados. Não há dúvidas sobre isso.”
Duas versões
As declarações de Putin contradizem recente informação divulgada pelo Serviço de Inteligência dos Estados Unidos. De acordo com a agência, as forças russas em território ucraniano foram fortemente degradadas em função do prolongamento do conflito, que dura mais de quatro meses.
Na disputa de narrativas que marca a guerra na Ucrânia, um dos principais conselheiros do presidente ucraniano, Mikhail Podolyak, respondeu às ameaças e contabilizou perdas militares russas.
“37 mil soldados russos mortos. Perdas sanitárias totais [feridas] de 98 a 117 mil pessoas. 10 generais foram eliminados. 1.605 tanques, 405 aviões/helicópteros foram transformados em sucata. A Rússia ainda não começou a lutar? O Kremlin está considerando a guerra apenas pela matemática de Stalin – 20 milhões de perdas?”, escreveu no Twitter.
O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, dobrou as ameaças em pronunciamento nesta sexta (8/7), e disse que apenas uma “pequena parte” do “grande” arsenal militar da Rússia estava sendo usado em território ucraniano.
Nada a discutir
O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, deixou a reunião do G20 nesta sexta sob o argumento de que não há mais nada a dizer ao Ocidente, até que as nações “decidam o que querem”.
“Eles [países ocidentais] não querem negociações, mas a vitória da Ucrânia sobre a Rússia no campo de batalha, então não há nada para falar com o Ocidente”, afirmou Lavrov.
O chanceler afirmou que os discursos dos representantes ocidentais são uma “russofobia frenética”. Ele ressaltou, ainda, que as nações aliadas à Kiev “não permitem que a Ucrânia avance no processo de paz”.