Projeto resgata memórias de moradores que deixaram seus imóveis no bairro do Pinheiro, em Maceió


“A gente foi feliz aqui” é o tema do projeto visual do artista Paulo Accioly que estampa fotos em tamanho real nas paredes de casas e apartamentos desocupados pelas famílias por causa das rachaduras. Projeto resgata histórias de famílias que tiveram que deixar suas casas no Pinheiro
O projeto visual “A gente foi feliz aqui” está resgatando a memória de ex-moradores do bairro Pinheiro que precisaram deixar seus imóveis por causa das rachaduras causadas pela extração mineral na região. A iniciativa é do artista Paulo Accioly. Fotos foram coladas nas fachadas e também dentro das casas e apartamentos que tiveram que ser desocupados.
“[O projeto] Pretende repovoar o bairro do Pinheiro, artisticamente, através de fotos e colagens. Repovoar com as pessoas que nunca deveriam ter saído daqui, com os antigos moradores, nas suas paredes, nas suas casas, nos seus quartos, nas suas salas. Trazer de volta essas histórias que infelizmente, abruptamente, foram interrompidas”, explica Paulo que também morou no bairro.
Os moradores se emocionam ao voltar nos antigos imóveis e se deparam com as fotos, em tamanho real, retratando momentos que viveram lá.
A família Rodrigues viu nas paredes do apartamento onde morou durante 48 anos, lembranças que marcaram a vida de cada um dos integrantes.
“Eu sinto como se estivesse expressando realmente a minha dor, fosse uma forma de expressar a dor que eu sinto, um protesto. Essa é a sensação que eu tenho. A gente trazer as nossas histórias pra cá, porque não são paredes, são vidas”, disse a estudante Khamyla Rodrigues ao relembrar a infância no lugar.
Família Rodrigues se emociona com homenagem feita no imóvel onde viveu, no bairro do Pinheiro
Reprodução TV Gazeta
As imagens são coladas nas paredes pelo próprio artista que registra a emoção das famílias ao voltar nos imóveis e ver as fotos ocupando as paredes parcialmente destruídas dos antigos lares.
O casal Márcia e Genilson também foi homenageado e relembrou momentos vividos com os vizinhos, quando faziam festas no local. O apartamento deles foi herança da família.
“Aqui no prédio sempre se comemorava Natal, Ano Novo, São João, sempre tinha festas de São João. As festas de aniversário da minha filha, os 15 anos da minha filha foram feitos aqui, o aniversário da minha sogra todo ano. Reunir a família, a casa inteira cheia de gente era sempre sinônimo de muita alegria, de muita festa”, relembrou a antiga moradora Márcia Rodrigues.
Márcia e Genilson tiveram momentos felizes retratados no apartamento que foi herança da família, no Pinheiro
Reprodução TV gazeta
A maior colagem feita no bairro até o momento foi no muro da casa da Dona Eliete Araújo. A foto dela tem mais de dois metros de altura e estampa o sorriso de quando viveu momentos felizes na casa onde morou durante 66 anos.
“Nasci e me criei nesse bairro, criei minhas filhas tudo aqui. Fui muito feliz de morar nesse bairro, muito. E hoje me encontro nas condições que me encontro de estar deixando meu patrimônio que eu tanto amava”, disse emocionada.
Foto da moradora Eliete Araújo foi a maior, estampada no muro da casa onde morou durante 66 anos, no Pinheiro
Reprodução TV Gazeta
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