Preocupação com alta nos preços dos alimentos leva governo Lula a planejar ações preventivas
Queda na avaliação do presidente impulsiona medidas para conter impacto da inflação.
A alta no preço dos alimentos no começo de 2024 levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a cobrar de auxiliares medidas preventivas. Cresceu a preocupação depois que pesquisas mostraram queda na avaliação do petista.
A inflação sob controle é vital para qualquer governo manter sua popularidade equilibrada. A elevação nos preços dos alimentos mexe diretamente com a percepção que a população mais pobre tem do governo e o Planalto tem ciência disso. As informações são do Poder360.
Por essa razão, há algumas ações em estudo para antever a quebra de safra de produtos como arroz e feijão, essenciais para os brasileiros. Os Ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura e Pecuária foram acionados para pensar em medidas nessa direção.
Eis o que está em estudo:
- Plano Safra – medidas de crédito para aliviar a situação de produtores que obtiveram financiamento com juros elevados;
- estoque regulador – formação de estoques públicos via Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para ajudar a conter a volatilidade dos preços; e
- sistema de monitoramento – banco de informações para prevenir a quebra de safra e, assim, evitar um impacto dos produtos na inflação. Envolve a Conab e o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Lula também busca mudanças na comunicação. Avalia que esse é um dos principais motivos para a queda na popularidade.
Reunião com ministros
Em 14 de março, Lula conversou com Carlos Fávaro (Agricultura), Fernando Haddad (Fazenda) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) pedindo medidas para conter a alta de preços dos alimentos. A percepção na Fazenda, contudo, é de que o pior já passou.
Os preços em geral estão cedendo. Por isso, os alimentos sozinhos não devem pressionar a inflação no curto prazo.
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, participou da reunião. Em 21 de março, ao falar a jornalistas sobre o preço dos alimentos, avaliou que a queda de produtividade no começo deste ano está “atrelada a fatores climáticos”. Também disse não ver “crise no setor” agropecuário para mudanças profundas.
Na ocasião, a subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal, afirmou que “os riscos de aceleração nos preços dos alimentos são muito baixos” por ora.
IPCA-15: alimentos destoam
A prévia da inflação de março foi de 0,36%, o que representa uma desaceleração sobre fevereiro (+0,78%). O setor de alimentação e bebidas, contudo, puxou o índice: teve alta de 0,91% no mês.
No geral, a taxa anualizada passou de 4,49% para 4,14%.