Plágio e títulos não existentes são ‘falhas graves’ e novo ministro perde apoio da comunidade, diz reitor da USP

Vahan Agopyan falou em ética e lembrou que o MEC, que seria comandado por Carlos Alberto Decotelli, tem sob seu comando as 69 universidades federais brasileiras, além da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). O reitor da Universidade de São Paulo (USP), Vahan Agopyan, apontou como “falhas graves” plagiar pesquisa e declarar títulos que não existem. A declaração do reitor, feita em entrevista à GloboNews nesta segunda-feira (29), refere-se ao currículo de Carlos Alberto Decotelli, que tem suspeitas de plágio e falsificação.
“O currículo Lattes é autoaplicado – você mesmo preenche e declara os títulos e as atividades. Nós temos uma ética nem necessariamente escrita, mas aplicada, em que declaramos”, afirmou Agopyan.
Anunciado pelo governo Jair Bolsonaro como novo ministro da Educação na semana passada, Decotelli afirmava ter concluído doutorado e estágio de pós-doutorado em sua inscrição na plataforma Lattes, que reúne o histórico de pesquisa de todos os cientistas brasileiros.
Ambas as universidades onde ele afirmava ter feito as pesquisas, entretanto – a Universidade de Rosário, na Argentina, para o doutorado, e a Universidade de Wuppertal, na Alemanha, para o estágio de pós-doutorado – negaram que o ministro tenha concluído os estudos. Ele retificou o currículo depois das observações.
Existe, ainda, uma suspeita de plágio na dissertação de mestrado de Decotelli, que havia sido concluída na Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Lamentavelmente essas coisas são consideradas falhas muito graves – tanto plágio como dizer que tem um título que não é o seu”, explicou Agopyan.
“Tem que ver as justificativas e as explicações do ministro indicado. Acho que temos que dar a oportunidade para a pessoa se justificar. Mas, se se confirmar, eu diria que ele vai perder confiança do meio acadêmico”, afirmou o reitor da USP.
Ele lembrou, ainda, que o Ministério da Educação (MEC) tem responsabilidade sobre todas as 69 universidades federais brasileiras e sobre a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que avalia os cursos de pós-graduação do Brasil.
“O ministro não precisa ser um especialista na área. Ele perde a confiança dos pares, o respeito da comunidade acadêmica. Eu acho isso muito grave para uma pessoa que vai comandar 60 universidades federais no nosso país”, disse.
Initial plugin text