PF conclui inquérito e não indicia jogadores argentinos por falsidade ideológica cometida na pandemia de Covid
PF apurava denúncia da Anvisa de que Emiliano Martínez, Buendía, Cristian Romero e Giovani Lo Celso, os quatro jogadores da seleção da Argentina, fizeram declarações sanitárias falsas no formulário ao entrar no Brasil para as Eliminatórias da Copa do Mundo, em 2021.
A Polícia Federal de Guarulhos concluiu na última quarta-feira (23) o inquérito que investigava a denúncia contra quatro jogadores argentinos por falsidade ideológica durante a pandemia de Covid-19 em 2021.
O inquérito foi aberto em 5 de setembro daquele ano após a Anvisa afirmar que o goleiro Emiliano Martinez, os meias Emiliano Buendia e Giovani Lo Celso e o zagueiro Cristian Romero prestaram informações falsas às autoridades brasileiras sobre os locais onde haviam passado nos últimos dias antes de entrarem no país para as Eliminatórias da Copa do Mundo.
A presença deles causou, na época, a suspensão do jogo entre Brasil e Argentina na Neo Química Arena, Zona Leste de São Paulo.
Os agentes da Anvisa e da Polícia Federal entraram em campo para retirar os jogadores pouco mais de quatro minutos depois do início da partida (veja mais abaixo).
De acordo com o inquérito, a PF não indiciou nenhum dos envolvidos por entender que se trata de uma questão sanitária e que as sanções administrativas já foram aplicadas pela Fifa.
“Os fatos nos autos se tratam de questões sanitárias de cunho da Anvisa, administrativas em sua essência, e que pela entidade máxima do futebol – FIFA, já houve aplicação de sanções de cunho administrativo, afastando, por assim dizer outras possíveis questões penais atinentes ao fato. Neste sentido, não houve indiciamentos”.
“Encerram-se os trabalhos de Polícia Judiciária, remetendo-se os presentes autos para apreciação e demais providências que se entendam pertinentes, permanecendo este órgão policial à disposição para eventuais outras diligências que sejam imprescindíveis ao oferecimento da denúncia”.
A conclusão do inquérito foi remetida para o Ministério Público Federal.
Suspensão do jogo entre Brasil e Argentina
Na tarde do dia 5 de setembro de 2021, os agentes da Anvisa e da Polícia Federal entraram em campo para retirar os quatro jogadores argentinos: Emiliano Martínez, Emiliano Buendía, Lo Celso e Cristian Romero.
Na época, CBF e Associação de Futebol Argentino lamentaram o ocorrido e disseram que foram surpreendidas pela ação da Anvisa, pouco mais de quatro minutos depois do início da partida.
A Anvisa ressaltou, no dia, que a medida havia sido tomada depois de verificar que os quatro jogadores descumpriram uma portaria do governo federal, de junho de 2021, que determinava que para entrar no Brasil o viajante que passasse pelo Reino Unido, Irlanda do Norte, África do Sul ou Índia, nos últimos 14 dias, tinha que assinar um documento dizendo que estava ciente da quarentena.
A Anvisa afirmou também que os quatro argentinos entregaram um documento como se não tivessem passado por nenhum desses países. Porém, a informação foi desmentida pelos passaportes que atestavam passagem dos jogadores pela Inglaterra.
Um relatório do órgão, detalha várias tentativas de notificar oficialmente os jogadores de que eles tinham que fazer quarentena. A primeira foi no sábado (4), mas eles já tinham saído do hotel para o treino. No domingo, antes da partida, a tentativa de notificação foi bloqueada pelos dirigentes da AFA. No estádio, houve uma outra tentativa das autoridades brasileiras e, mais uma vez, os argentinos se negaram a assinar a autuação.
Segundo o ge divulgou em 2021, um acordo entre governo federal, CBF e Conmebol teria permitido que os quatro participassem do jogo. O compromisso era de que deixassem o país logo após a partida.
Em reuniões com a Anvisa, a Conmebol e a delegação da Argentina foram orientadas a formalizar o pedido de excepcionalidade para que os jogadores pudessem treinar no sábado e jogar no domingo.
A Anvisa pediu a máxima urgência para os argentinos, para que a análise da documentação fosse viável antes da realização do jogo. O pedido teria que ser analisado pelo Ministério da Saúde, além de um posicionamento final da Casa Civil.
O Jornal Nacional teve acesso a documentos que mostram que os jogadores entraram em campo mesmo depois de o Ministério da Saúde ter recusado um pedido de excepcionalidade para que pudessem jogar.
Em depoimento à PF, antes de deixarem o país, os jogadores optaram por ficar em silêncio. Eles foram notificados a deixar o Brasil na noite do dia 5 de setembro e, segundo a Polícia Federal, não foram deportados.
Delegação da Argentina volta para Buenos Aires