Pensando em investir? Confira os principais cuidados na hora de apostar em microfranquias
Com possibilidade de home office e baixo investimento, as microfranquias se tornaram uma alternativa para quem quer empreender durante a pandemia da Covid-19. As opções vão de R$ 3 mil a R$ 90 mil, sendo que a maioria gira em torno de R$ 40 a R$ 50 mil de investimento inicial. Com a melhora do cenário econômico, puxada especialmente pela reabertura do comércio e volta da circulação de pessoas, a procura pelas franquias de baixo investimento cresceu 14% nos meses de maio, junho e julho de 2020 em relação aos três meses antecedentes, segundo o último estudo sobre o tema feito pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). No entanto, especialistas ouvidos pela Jovem Pan destacam que são necessários alguns cuidados, e que é preciso avaliar bem antes de apostar todas as economias na compra de uma microfranquia.
Escolher qual franquia se adapta mais ao estilo de vida
“A primeira coisa que o interessado precisa fazer é uma autoanálise para detectar até que ponto esse modelo de negócios se adapta a suas peculiaridades. Tem algumas vantagens que para algumas pessoas também podem ser desvantagens, como a menor liberdade, já que está aderindo a um sistema padronizado”, afirma o ex-presidente da ABF-Rio e consultor Rogério Gama. Segundo ele, estar associado a uma marca já conhecida e ter o suporte da franqueadora podem ser considerados benefícios, mas é preciso que o empreendedor defina o quanto está disposto a se comprometer com o negócio, visto que uma das principais exigências é a transparência entre a franqueadora e o cliente. A diretora de microfranquias da ABF, Adriana Auriemo, também alerta o empreendedor para que observe se o tipo de trabalho escolhido se encaixa no seu estilo de vida. “Nas microfranquias, muitas vezes a própria pessoa é o operador, e se for trabalhar de casa precisa ser muito disciplinado”, diz.
Não investir todas as economias
Para Adriana, o principal ponto é não investir todas as economias no negócio, principalmente para assegurar um capital extra em caso de crises – como a da Covid-19. “A pessoa que vai procurar uma franquia nunca deve colocar todo o dinheiro que tem no negócio. Se você tem R$ 50 mil, não compra uma de R$ 50 mil, compra uma de R$ 20 mil, porque você vai precisar reinvestir e pode quebrar muito fácil, sem ter um capital extra”, alerta. Gama também ressalta a necessidade de um capital de giro, além de uma reserva para emergências. “Quem tinha essa reserva nessa pandemia conseguiu sobreviver mais um pouco. Um conselho é nunca se basear apenas no que a franqueadora diz que é o investimento total, muitas vezes não é claro quais os itens que compõem isso, tem várias despesas opcionais que não são consideradas, às vezes até por esquecimento. Quase 100% das empresas não vão falar sobre uma verba emergencial, e o negócio precisa de um tempo para a maturação, normalmente de seis meses a um ano até que atinja o ponto de equilíbrio”, diz.
Conversar com outros franqueados
Outra orientação dos especialistas é que o interessado converse com outros franqueados da rede e tire todas as suas dúvidas. “Todos os franqueadores acabam dando as pessoas uma média de resultados. Eu recomendo que o interessado peça pelo menos três casos reais, um de sucesso, um intermediário e um que não esteja dentro dos resultados ideais”, alerta o consultor Rogério Gama. Segundo ele, a nova Lei do Franchising, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em dezembro de 2019, aumentou a transparência nas informações que o franqueado precisa oferecer aos clientes, mas ainda é necessário investigação. “Todas as franqueadores precisam oferecer suporte, treinamento, entregar uma lista de todos os franqueados daquela rede. Mesmo assim, o interessado precisa investigar, entrar em contato com quem já é franqueado, perguntar como é o suporte, o dia a dia, se realmente entrega o que está prometendo”, complementa.