Pelé 80 anos: na seleção brasileira, ele foi o Rei das Copas

Pelé é o único jogador tricampeão da Copa do Mundo

É impossível falar de Seleção Brasileira e não fazer uma menção (muito) honrosa a Pelé. Afinal, três das cinco Copas do Mundo que o Brasil ganhou tiveram a ajuda do lendário jogador. É o único do mundo, aliás, que pode dizer que é tricampeão mundial, feito conquistado com os títulos de 1958, 1962 e 1970. Não para por aí. O Rei do Futebol bem que poderia se chamar Rei das Copas. 

Além do recorde do número de títulos da competição, ele detém a marca de mais jovem a ganhar um Mundial. Aos 17 anos e 249 dias, Pelé fez dois gols na final da Copa de 1958 contra a Suécia, que terminou com vitória por 5×2. Escreveu uma história que permanece até hoje. Só ele e Mbappé são os dois atletas sub-20 a marcar na decisão do torneio – mas o craque francês já tinha 19 anos. 

Pelé na partida contra a Suécia, aos 17 anos
(Foto: Fifa/Divulgação)

Quer mais? Também na Suécia-1958, Pelé se colocou como o mais novo a fazer um hat-trick (três gols) em um mesmo jogo. Foi contra a França na semifinal, no triunfo de 5×2 para o Brasil.

Em termos gerais, nas quatro Copas que disputou (1958, 1962, 1966, 1970), o Rei anotou 12 gols. Apenas quatro atletas homens marcaram mais gols que o tricampeão: Miroslav Klose (16), Ronaldo (15), Gerd Müller (14) e Just Fontaine (13). 

Pela Copa América, ele balançou as redes oito vezes. Com um detalhe: todos foram em uma mesma edição, de 1959. Ali, foi não só o artilheiro, como eleito o melhor jogador. O craque e o Brasil, porém, acabaram como vice, e o título ficou com a Argentina

Os incríveis números não param. Pelé também é quem mais botou a bola no fundo da rede pela Seleção Brasileira. Em jogos considerados oficiais pela Fifa, foram 77 gols em 92 partidas. Já pela contagem da CBF, são 95 gols em 113 duelos. A diferença vem pelo critério da entidade nacional, que considera confrontos contra clubes e combinados. Por exemplo, contra a Seleção da Bahia, em que fez um gol.

Pelé é o jogador que mais marcou gols pela Seleção Brasileira
(Foto: Fifa/Reprodução)

Ao todo, somando as quatro edições, Pelé fez 14 jogos no Mundial, com 12 vitórias, um empate e uma derrota, marcando 12 gols. Um outro dado interessante: em todas as vezes que o Rei foi escalado ao lado de Garrincha, o Brasil nunca perdeu. A dupla fez 40 partidas unida em campo, com 36 vitórias e quatro empates. Juntos, marcaram 55 gols: Pelé, 44, e Garrincha, 11. 

Pelé com as três taças que ele conquistou na Copa do Mundo: pose no Museu Seleção Brasileira, na sede da CBF
(Foto: Kin Saito/CBF) 

Do início ao tricampeonato
Pelé chegou à Seleção em 7 de julho de 1957, quando ainda tinha 16 anos. Já mostrava boa atuação no Santos e foi convocado por Sylvio Pirillo, então técnico da equipe canarinha, para enfrentar a Argentina, pela Copa Roca. Logo de cara, marcou um gol, após entrar no segundo tempo. O Brasil foi derrotado por 2×1 no Macaranã. Mas, no segundo jogo, no Pacaembu, ganhou por 2×0 – com mais um gol de Pelé – e faturou o título, o primeiro de muitos do Rei pela seleção.

Pelé fez seu primeiro gol pela Seleção Brasileira na estreia
Foto: Arquivo Nacional/CBF

Em 1958, chegou ao Mundial lesionado e só estreou na terceira rodada, contra a União Soviética. Fez seu primeiro gol contra o País de Gales, se tornando o jogador mais jovem a marcar em uma Copa do Mundo. Na comemoração, foi até as redes, se jogou no chão e abraçou a bola.

No confronto contra a França, veio o hat-trick. E, na final contra a Suécia, deixou dois gols. Quando o Mundial acabou, Pelé ganhou a Bola de Prata, de segundo melhor jogador, atrás de Didi. E, claro, foi eleito como o Melhor Jogador Jovem.

O Rei anotou um hat-trick contra a França na Copa de 1958
(Foto: Getty Images/Fifa)

Na Copa de 1962, outra lesão. E, dessa vez, o tirou de campo da fase decisiva. O Rei se machucou na segunda partida, contra a Tchecoslováquia, e não voltou mais a entrar em campo naquela edição. Sem problemas: comandados por Garrincha, os brasileiros faturaram o título.

Quatro anos depois, Pelé partiu para seu terceiro Mundial, mas o Brasil não foi longe. O camisa 10 até marcou no primeiro jogo, na vitória por 2×0 sobre a Bulgária, mas foi caçado em campo e se machucou, não atuando contra a Hungria. Nessa segunda partida, derrota por 3×1.

A Seleção então foi para o jogo decisivo contra Portugal e o Rei, mais uma vez, foi alvo dos rivais. Recebeu duas entradas violentíssimas de Morais, que o tiraram de campo. Veio mais um revés por 3×1 e a queda na Copa.

Brasil foi eliminado na fase de grupos na Copa do Mundo de 1966
(Foto: Getty Images/Fifa)

Em 1970, o retorno. E com categoria. Pelé liderou a Seleção do início ao fim, dando assistências e marcando gols até alcançar a decisão, contra a Itália. O resultado valia a posse definitiva da Taça Jules Rimet, que seria dada ao primeiro tricampeão mundial. Tanto o Brasil quanto os italianos estavam no páreo.

Aos 18 minutos, o Rei abriu o placar. A rival empatou ainda no primeiro tempo, com Boninsegna, mas Gérson recolocou a canarinha na frente. Jairzinho fez o terceiro e Carlos Alberto Torres fechou a goleada, após um passe de Pelé. Foi uma despedida de Copa digna de um Rei.

Pelé após ganhar o tricampeonato mundial sobre a Itália, em 1970
(Foto: Fifa/Divulgação)