‘Organismo consegue se adaptar sem a vesícula’, tranquiliza o cirurgião Marcelo Heidrich
É comum as pessoas ficarem preocupadas diante da indicação para retirada da vesícula biliar, também chamada colecistectomia. No entanto, segundo o cirurgião geral Marcelo Marcos Heidrich, a cirurgia não interfere na vida do paciente, já que o organismo consegue se adaptar sem a vesícula. “O fígado produz cerca de um litro de bile por dia, que desce sequencialmente ao aparelho digestivo, auxiliando na digestão de alimentos, sem a necessidade de armazenamento de bile na vesícula biliar”, explica.
A vesícula biliar fica localizada logo abaixo do fígado e sua função é armazenar bile, com capacidade aproximada de 30ml. “A bile é ativa no processo digestório das gorduras consumidas pelas pessoas. A ingestão de alimentos gordurosos está diretamente associada à formação de cálculos biliares, tanto pequenos quanto grandes. São esses cálculos, também conhecidos como pedras, que causam a inflamação da vesícula, uma vez que impedem a passagem da bile, além de causarem muita dor”, diz Marcelo Heidrich.
Outra causa da formação de cálculos biliares, segundo o cirurgião Marcelo Heidrich, é o desequilíbrio na composição da bile, ocasionada por diversas substâncias. “O exemplo mais comum é o colesterol, que é responsável por 90% dos cálculos biliares”, afirma.
O cirurgião ressalta, ainda, que os cálculos pequenos são mais perigosos. “Eles podem obstruir os ductos biliares causando problemas graves como a hepatite biliar, complicação muito perigosa e que pode ser até fatal, se não tratada imediatamente”, alerta Marcelo Marcos Heidrich.
De acordo com o cirurgião, entre as principais causas de indicação para a colecistectomia estão os cálculos biliares primários ou secundários, cólicas biliares de repetição, cólicas acalculosica, corpos estranhos ou tumores, histórico de colecistite aguda e pancreatites biliares.
Para que o paciente tenha uma melhor recuperação, são necessários alguns preparos no pré e pós-operatório. A etapa anterior à cirurgia, segundo explica o cirurgião Marcelo Heidrich, consiste na realização de exames laboratoriais e de imagens, a fim de elaborar a melhor técnica cirúrgica a ser aplicada ao paciente. “É costume, para qualquer cirurgia, uma avaliação cardiológica e também com anestesista, a fim de diagnosticar eventuais processos alérgicos.”
Ainda de acordo com Marcelo Heidrich, no caso específico da colecistectomia, é fundamental um ultrassom para detectar a espessura da parede da vesícula biliar, bem como a presença ou não de cálculos biliares, seus tamanhos e quantidade, e também verificar se há presença de obstrução das vias biliares. “Seguindo todos estes protocolos, podemos decidir qual técnica usar com mais segurança”, frisa o cirurgião geral.
Em relação ao paciente, conforme observa Marcelo Heidrich, é importante dar ênfase aos cuidados no pós-operatório, como dieta, controle glicêmico e da pressão arterial, assim como um adequado ajuste na coagulação sanguínea. “Para um bom resultado pós-operatório, são necessários cuidados conjuntos envolvendo médico, equipe de enfermagem e o próprio paciente. Dessa forma, em três dias já é possível ter alta com todas orientações e medicações”, conclui o cirurgião-geral.