O que faz o geógrafo?
O Dia do Geógrafo no Brasil foi comemorado em 29 de maio, que é a data oficial de criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 1936, quando foi regulamentado o Instituto Nacional de Estatística (INE), embora o Decreto nº 24.609 que o instituiu seja de 06/07/1934. Em 1937, com a incorporação do Conselho Brasileiro de Geografia ao INE, passou a se chamar então IBGE.
No Brasil, o geógrafo tem seu exercício profissional regulamentado pelas Leis nos 6.664 (26/06/1979) e 7.399 (de 04/11/1985), com seus decretos regulamentadores, respectivamente, os de nos 85.138 (de 15/09/1980) e o 92.290 (de 10/01/1986). Este marco legal da profissão é importante, pois nos permite estar no rol das profissões regulamentadas no mercado de trabalho brasileiro, sendo uma profissão reconhecida pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), do Ministério do Trabalho e Emprego.
A sociedade brasileira, entretanto, nos confunde em boa medida, no exercício profissional, com um professor de Geografia ou quem exclusivamente entende de mapas e localizações. Acredito que podemos usar uma ferramenta importante para mudarmos esta situação: o geomarketing (que está em consonância com o art. 3° da lei 6664/79). Com ele, é possível dar maior publicidade às contribuições do geógrafo. E quais as contribuições dadas à sociedade brasileira?
Em estudos e pesquisas diversos em Biogeografia Urbana, Climatologia, Planejamento Urbano-Regional, só para citar algumas, mencionadas no artigo de minha autoria, intitulado O geógrafo de papel ou o papel do geógrafo? Algumas considerações sobre a atuação do profissional na sociedade.
Recentemente, com a pandemia do novo coronavírus (covid-19), percebe-se a atuação de colegas, alguns estudiosos na Geografia da Saúde, dos vários rincões do país que tem elaborado suas contribuições no intuito de auxiliar no planejamento de ações de enfrentamento da doença, a exemplo de análises, mapeamentos, monitoramentos e prognósticos. Aqui menciono os trabalhos dos colegas da UFPB, do IFBA, do IFBaiano, da UNESP/Presidente Prudente, de professores universitários como Clímaco César Siqueira Dias (UFBA).
E, não poderia deixar de destacar o trabalho da colega Maria Adélia Souza (USP, recebeu o Prêmio Pioneiras da Ciência do Brasil pelo CNPq, em 2018) que, em seu canal no YouTube, lançou a série de vídeos intitulada Geografia e Pandemia, e recomendo a assistência.
Por fim, gostaria de registrar os nomes de geógrafos baianos que nos deixaram um legado: Eduardo Gabriel Alves Palma, Emanuel Fernando Reis de Jesus, Euda Maria Cunha Caldas, Florisvaldo Henrique Falk e Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva. A estes e a todos geógrafos, a minha homenagem!
Luciano de Almeida Lopes é geógrafo e professor de Geografia, sócio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e sócio efetivo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
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