Nove dicas (e uma opinião) de etiqueta para este momento da sua vida
Amo gente educada. Confesso, inclusive, o conforto (elitista e ultrapassado, caso queira julgar fique à vontade) que sinto no convívio com pessoas que sabem manusear talheres e taças, que se portam bem à mesa, que conhecem normas de conduta para diferentes ambientes e situações mais formais. Um certo domínio de etiqueta já é meio caminho andado nas interações sociais. Acho importante, sim, conhecer até para transgredir (em certo nível, claro, ninguém é obrigado), mas com consciência e não por falta de noção. Essa também é uma forma de linguagem. Inacessível para a grande maioria, infelizmente, mas de importância fundamental. E, caramba, como faz falta, no momento atual. Um pouco mais desse tipo de educação – que anda escassa em todos os “níveis sociais” – e não sentiríamos tanta vergonha alheia, todos os dias, ao assistir e ler jornais.
A parte dos talheres, taças e mesas está toda na internet, caso não saiba e lhe interesse estudar. Ninguém precisa mais ser de “família tradicional” ou frequentar aulas de etiqueta pra se sentir à vontade em um evento mais formal. Dá também para encontrar outras coisas que facilitam a vida tipo “quem você deve cumprimentar primeiro ao chegar em um ambiente”, “como se dirigir a um casal sem parecer que quer ‘causar'”, “de que forma apresentar pessoas umas às outras” e até umas dicas de figurino que não devem matar liberdades, mas ajudam a não pagar os micos históricos que, volta e meia, viram meme e viralizam. Acredite, a vida fica mais fácil quando você pega esse tipo de visão. Inclusive, pode apostar, a sua vida profissional. Seja qual for a sua área de atuação. A amorosa e sexual também pode ser ajudada, acredite. Tem muita gente se perdendo por aí apenas por falta de educação.
Há regras básicas e imutáveis. Por exemplo, em nenhuma situação ou tempo será elegante falar com a boca cheia de comida. Isso é feio, dá nojo em qualquer vivente ver sua rabada com pirão começando a ser digerida. Inegociável, né? É. Mas outras regras vão mudando, se adaptando às vivências coletivas. Tipo uma pandemia, sabe? É isso. Junto com ela, chegou uma etiqueta social novinha em folha que começamos a inventar. Com pressa, muita pressa. Então já é, já está. Dez tópicos não não conta de tudo, mas se você não quer ser “a mala da live”, o “sem noção do mercadinho”, o conhecido que vai ser evitado, o transeunte que vai ser xingado assim que passar… é bom começar a rever uns hábitos aí. Eu acho.
1. Use máscara. Em qualquer situação. Acostume-se. Pessoas circulando sem máscaras levam a palavra “babaca” escrita na testa e sobre isso não há negociação. A mensagem é “tô cagando se eu te contaminar” e isso é péssimo para a sua imagem. Conforme-se. Vai passar. Ou não;
2. Toda pessoa minimamente racional que você encontra na rua quer, no mínimo, dois metros de distância de qualquer um. Respeite. Respeite. Respeite. Se isso mexe com a sua autoestima, há terapeutas atendendo online. Alguns serviços são gratuitos;
3. Em mercados, farmácias e afins, não fique falando em cima de alimentos nem toque em produtos que você não vai comprar. Dá pra escolher só olhando, acredite. A não ser quiabo que precisa quebrar o rabo, mas não estamos em época de caruru;
4. Não se encoste, segure, sente nem entre no carrinho de compras de ninguém. Muitas pessoas estão higienizando os carrinhos e cestas ao chegar nos mercados e você estraga o trabalho dos outros, se fizer isso. Inclusive, se a criatura tiver TOC, você vai contaminar seu karma por fazê-la ter que começar tudo outra vez;
5. Sabemos que a alegria é importante, mas gritar, gargalhar e falar sem parar em ambientes fechados aumenta a possibilidade de contaminação. Deixe de palhaçada que isso assusta os outros. Concentre-se em suas compras, se pique e vá gargalhar e gritar ao ar livre ou em sua casa;
6. Mesmo que seja o seu pensamento, não banque o idiota dizendo que a covid “não é tão grave assim”. A essa altura – a não ser que a pessoa tenha só dois conhecidos na vida – todo mundo já conhece alguém (ou “alguéns”) que morreu da doença. Melhor ficar na sua pra não pagar mico. Guarde a sua negação pra você;
7. Se você precisou ou quis se desconfinar, não pergunte “você ainda está em isolamento?” para quem pode e escolheu se manter em casa. Essa pergunta só está liberada para ser feita com espanto quando a vacina chegar e ainda não é o caso. Até lá é apenas um questionamento chato;
8. Se for entregar algo na mão de alguém, não apenas diga “já higienizei”. Não é hora de testar a sua confiabilidade. Alivie pros amigos lançando um amoroso spray de álcool 70 ali mesmo, ao vivo. Isso ajuda a diminuir a tensão que anda no ar;
9. Se for fazer uma live, não passe cinco minutos dizendo “vamos esperar o pessoal ir chegando”. Primeiro que, na maioria das vezes, não vai chegar mais ninguém. E depois, tem live demais rolando, nessa hora eu mesma sou uma que sai e vai fazer outra coisa. Tá online, começa a zorra. Você não é a reencarnação de João Gilberto e live não é teatro onde não se pode mais entrar depois de o espetáculo começado;
10. Apenas pare agora de ficar começando e terminando relacionamentos virtuais e toda hora atualizando o status do Facebook. Ok, isso não é uma regra. Tenho nada com isso. Se quiser, faça. Tchau.