Mulheres militares fazem campanha nas redes sociais para denunciar assédio sexual dentro de quartéis


Campanha começou com a denúncia da Tenente-coronel do Corpo de Bombeiros de Alagoas, Camila Paiva, após uma postagem em suas redes sociais. Hashtag #assédionoquartel já tem mais 300 relatos. Campanha incentiva denúncias de assédio contra mulheres no Corpo de Bombeiros e PM de AL
Mulheres militares criaram uma campanha nas redes sociais para denunciar o assédio sexual dentro dos quartéis. Usando a hashtag #assédionoquartel, elas estão postando fotos em preto e branco com relatos de situações vividas por elas mesmas ou colegas de farda, usando o codinome Maria para relatar o assédio.
A campanha começou quando a tenente-coronel Camila Paiva, militar do Corpo de Bombeiros de Alagoas (CBMAL) há 18 anos, publicou um vídeo de bíquini numa rede social e descobriu que as imagens foram parar num grupo fechado de um aplicativo de mensagens que tem como integrantes agentes da polícia militar. Um major da Polícia Militar fez insinuações sexuais se referindo à tenente.
“Quando eu vi fiquei extremamente chocada, horrorizada porque não foi uma agressão só contra mim, porque eu fui ferida não só como pessoa, como mulher, mas como profissional porque era um grupo de oficiais militares e lá eles me conhecem como a tenente-coronel Camila. Eu não sou só a Camila”, disse a militar.
Depois que a tenente-coronel Camila divulgou o caso dela nas redes sociais, outras 15 mulheres militares de Maceió também relataram histórias de assédio. As postagens encorajaram mais mulheres, inclusive de quartéis de outros estados, a se manifestar. A hashtag já tem mais de 300 depoimentos.
“Ano passado Maria esteve em uma operação com 135 homens. Apenas 5 eram mulheres. Durante todos os dias que passaram lá, ela e as outras Marias foram assediadas. Em um dos dias, Maria estava sozinha com um militar recebendo equipamentos. Ele se virou pra ela do nada e agarrou pescoço dela. Ele queria beijá-la à força. Maria o empurrou com toda força que ela ainda tinha. Ele quase sufocou ela. Ela o jogou longe e o perguntou o que ele estava fazendo. Então ele a respondeu que já fazia dias que ele estava vendo ela por lá e que deu vontade de fazer aquilo. Como era um lugar onde todos os superiores eram homens, Maria não teve coragem de contar o caso. Aliás, ela não contou pra ninguém”. (Relato publicado nas redes sociais)
O Comando da Polícia Militar de Alagoas informou que recebeu a denúncia e vai apurar os fatos.
“Automaticamente foi determinado a Abertura de Procedimento Apuratório, que é o nosso PADS, do qual será designado como encarregado um ofical da corporação que terá 30 dis para proceder essa apuração. Quanto ao militar ora citado, ele continua nas atividades normais dele porque é uma denúncia. Então nós temos que primeiro fazer a apuração para verificar a situação de culpabilidade ou não do mesmo”, informou o corregedor geral da Polícia Militar, coronel Thulio Roberto .
Nesta sexta-feira (24), a OAB-AL emitiu uma nota de apoio à tenente-coronel Camila Paiva colocando as comissões à disposição (leia abaixo a nota na íntegra).
NOTA DE APOIO
A Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB-AL), por meio das comissões Especial da Mulher (CEM) e Direitos Humanos (CDH), vem manifestar apoio à tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Camila Paiva, vítima de assédio sexual e moral em um grupo no aplicativo Whatsapp.
A OAB-AL coloca as comissões à disposição da oficiala para auxiliá-la nessa luta de enfrentamento ao machismo, principalmente pela posição que ocupa em uma das corporações mais importantes e respeitadas do Brasil.
Um dos principais papéis da Ordem dos Advogados do Brasil é defender os interesses da sociedade de forma justa, igualitária, sem preconceitos ou estereótipos.
Mulheres militares fazem campanha para denunciar assédio sexual dentro de quartéis
Reprodução/ Redes Sociais
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