Missa de Corpus Christi celebra a renovação da fé cristã em Salvador

Elizângela de Jesus, 45 anos, acordou cedo na manhã desta quinta-feira (11) e foi levada através da fé até a missa de Corpus Christi, na Catedral Basílica, no Terreiro de Jesus. A celebração foi a segunda do arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Sérgio da Rocha, após tomar posse na semana passada. Elizângela não sabia da missa. Católica desde menina, ela estava sentindo falta da celebração, mas acreditava que por conta da pandemia seria suspensa.
“Acordei pensando no corpo de Cristo. Enquanto tomava café veio em meu coração a Catedral Basílica. Entendi que era um sinal, peguei o celular que estava ao meu lado e digitei o nome na busca. Foi então que vi que haveria uma missa, mas que seria algo restrito. Tomei um banho, troquei de roupa, e saí”, contou ela que mora no bairro da Saúde.
Por conta da contaminação do novo coronavírus a Arquidiocese de Salvador limitou o número de fiéis a até 40 pessoas. Quando chegou no Terreiro de Jesus Elizângela encontrou as portas principais da igreja fechada, e apenas uma passagem lateral aberta.
“Perguntei ao rapaz se eu poderia entrar. Ele disse que havia uma lista prévia e perguntou se eu tinha feito a inscrição. Eu respondi que não, mas disse que eu assistia do fundo da igreja mesmo, em um cantinho. Ele chamou o padre e autorizaram a minha entrada. Foi Deus que me trouxe aqui”, disse.
Depois e tomar posse na semana passada, Dom Sérgio da Rocha celebrou uma missa no domingo e a de Corpus Christi, nesta quinta-feira. Ele agradeceu a receptividade dos baianos.
“Eu tenho me sentido acolhido de maneira muito carinhosa e muito generosa. Creio que o fato de nós estarmos vivendo essa pandemia, apesar das limitações de proximidade, não estamos diminuindo as proximidades afetuosas que eu recebo da gente de Salvador e de toda a Bahia. Eu já me sinto em casa”, disse.
O arcebispo frisou da necessidade de fé e de amor nos tempos de crise. “As limitações causadas pela pandemia não devem enfraquecer o espírito de oração e o desejo sincero de participar da festa de Corpus Christi. Tenho certeza que temos ocasião para crescer na unidade através da oração, mas também da solidariedade com quem mais sofre”, afirmou.
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Elizângela conseguiu assistir missa (Foto: TIago Caldas/CORREIO) |
Os fiéis tiveram que sentar espaçados, uma pessoa por banco e com distanciamento de dois metros, no mínimo. Antes, ao entrar no templo, todos precisaram limpar as mãos com álcool em gel e, com exceção do arcebispo, todas as pessoas envolvidas na celebração estavam de máscara. Essas medidas chamaram a atenção da aposentada Maria José da Costa, 63 anos.
“Vim à missa de domingo e a igreja também não estava cheia. É triste ver a igreja vazia em uma época tão festiva, mas está sendo bom também porque significa que as pessoas estão se cuidando. É um cenário diferente”, contou.
Ela disse que soube da necessidade de inscrição para a missa durante a celebração no último domingo, por isso, correu e fez a inscrição. “A missa de Corpus Christi pra mim simboliza a renovação do corpo e da alma. É um momento muito importante”, afirmou Maria José que também atua como coordenadora da pastoral do acolhimento, na paróquia Nossa Senhora de Santana.
O padre Abel Pinheiro, pároco da Catedral Basílica, destacou a história da celebração, uma festa que surgiu na Europa e comemora o corpo de Cristo.
“Essa festa nasceu na Bélgica em uma pequena cidade chamada Liege, no século XIII, e depois se expandiu por determinação do papa Urbano IV para toda a igreja para ser uma festa onde os cristãos católicos homenageiam, louvam, bendizem, agradecem a Nosso Senhor Jesus Cristo por ter feito do pão e do vinho o sinal do seu corpo e do seu sangue. A eucaristia é o centro da vida cristã. É o momento de renovar a fé”, contou.
A missa terminou com a oração do Pai Nosso e com graças ao Santíssimo Sacramento. Por conta da pandemia a procissão que tradicionalmente acontece no final do dia foi cancelada.