Meu Domingo: Paquito indica cinco álbuns para escutar na quarentena

Convidado pelo CORREIO para indicar cinco discos para ouvir na quarentena, o cantor e compositor Paquito selecionou somente obras de artistas nordestinos, a maioria deles baianos. De acordo com ele, a escolha teve a ver com o fato de todos serem cantores. “Sendo um cantor, durante a feitura do meu CD recente, Xará, cujo processo durou quatro anos, prestei muita atenção em cantores, admirando-os mais quando eles têm expressão, mesmo contida, afinal, como dizia o poeta, ‘a poesia mais rica/ é um sinal de menos'”, comenta.

Confira:

AQUI TO EU – JACKSON DO PANDEIRO

Jackson do Pandeiro, além de grande ritmista, é um super cantor também ritmista, pois faz a divisão como ninguém. Neste disco, de 1970, estão clássicos como “Chiclete com banana”, regravados com um grupo instrumental -em que tocam irmãos de Jackson – cheio de punch, que causaria inveja a muita banda de rock.

 
 

CAETANO VELOSO – 1969
Caetano gravou esse disco confinado em Salvador, antes de ir pro exílio. À voz e ao violão – tocado por Gil – foram acrescentados arranjos de Duprat. É um disco melancólico, e amo a pureza do canto de Caetano nesses registros, na medida exata.

 RONEI JORGE – ENTREVISTA (2018)
Ronei é um parceiro/irmão. Temos muitas afinidades, e me espelhei na naturalidade do seu canto nesse disco pra fazer o meu “xará”. Claro que ele também é um grande compositor, a Dizga Tupi é uma banda afiada, e o disco tem um frescor ancorado na tradição

 

GETZ/GILBERTO #2  (1964)
O melhor disco do mundo, o branco de João Gilberto, de 1973, não está em streaming, só tem no YouTube. Então eu escolhi esse ao vivo porque João está perfeito nas 6 faixas em que canta com seu violão, baixo e bateria. Tudo soa.

CAYMMI E SEU VIOLÃO (1959)
Dorival fez dois discos com as canções praieiras, um em 54, outro em 59. São as mesmas canções, só que o de 1959 tem um som melhor e mais musicas. A integração entre canto e violão ( de cordas de aço) é no quilo. Meus colegas do rock, Amarelo e Cury, amam esse disco e acham-no rock & roll. Eu também acho. Caymmi é o pai do rock, e de todos nós. Como disse Tuzé, “Caymmi inventou a gente”.