Itaú passa a ver contração menor do PIB no 2º trimestre e vê setor de serviços com recuperação mais lenta

O banco projeta agora retração de 9,2% entre entre abril e junho sobre o trimestre anterior, ante queda de 10,6% esperada antes. Para 2020, foi mantida projeção de tombo de 4,5%. O Itaú Unibanco melhorou nesta sexta-feira (7) a expectativa para a retração da economia no segundo trimestre, vendo o início de uma recuperação em maio e junho da crise provocada pelo coronavírus.
O banco projeta agora queda de 9,2% do Produto Interno Bruto (PIB) entre entre abril e junho sobre o trimestre anterior, de queda de 10,6% esperada antes.
Mas a expectativa para o crescimento no terceiro trimestre caiu, de 8,5% para 7,4%. O IBGE divulgará os dados sobre o segundo trimestre em 1º de setembro.
“A recuperação tem sido mais forte nas vendas no varejo e na produção industrial, enquanto o setor de serviços, mais impactado pelo isolamento social, se recupera mais lentamente”, explicou o Itaú em relatório, destacando também a melhora da confiança do empresário medida pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Ainda assim, não houve mudança na expectativa de que a economia sofrerá neste ano retração de 4,5%, recuperando-se em 3,5% em 2021.
O governo prevê retração do PIB neste ano de 4,7% mas a pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central, embora venha mostrando melhora das estimativas para a economia, mostra que a expectativa do mercado é de uma contração de 5,66% em 2020, crescendo 3,50% em 2021.
“O fundamento mais importante para a atividade econômica nos próximos trimestres e ao longo do ano que vem é, na nossa visão, a manutenção das baixas taxas de juros, o que só será possível se a política fiscal voltar a uma trajetória sustentável após a expansão dos gastos deste ano”, completou no relatório a equipe econômica do banco, chefiada por Mario Mesquita.
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Em outra frente, o Itaú reduziu a previsão para o dólar a R$ 5,25 no final de 2020, de R$ 5,75 antes, em função do cenário internacional, ao considerar que a recuperação global no segundo semestre vem se consolidando, o que tede a gerar um cenário mais benigno para ativos de risco.
Ainda assim a análise cita o risco fiscal ainda elevado, a contração acentuada da atividade econômica e o cenário de juros baixos como impeditivos para uma apreciação mais intensa da taxa de câmbio. Para 2021 foi mantida a expectativa de dólar a R$ 4,50.
XP também melhora projeções para o PIB
A XP Investimentos também melhorou as suas projeções para o PIB. A instituição financeira reduziu sua estimativa para a contração da economia brasileira neste ano a 4,8%, de uma queda estimada antes de 6%. Relatório divulgado nesta sexta-feira mostrou ainda que a perspectiva de recuperação em 2021 melhorou a 3%, de 2,5% antes.
“Dados da indústria e varejo vêm apresentando resultados melhores que a expectativa de mercado e isso arrefece expectativas mais negativas para o resto do ano”, afirmou a XP. “As expectativas sobre a perda de PIB deste ano são menos negativas do que eram alguns meses atrás, e a recuperação, um pouco mais forte”, completou.
Entre os fatores que contribuíram para a revisão está uma queda esperada no segundo trimestre menor que a expectativa inicial, de 8% sobre os três primeiros meses em vez do recuo projetado antes de 13%.
“Diante do cenário em que os riscos sanitários se dissipem e a confiança dos agentes gradualmente retorne, a política monetária com a Selic em 2% ao ano e em terreno estimulativo será capaz de contribuir positivamente para a atividade”, destacou a XP, avaliando que parece pouco provável que haja novamente um lockdown ou medidas de distanciamento social mais restritivas nos próximos meses.
A XP calcula que a agropecuária vai praticamente passar incólume pela pandemia do novo coronavírus e deverá crescer 2,6% em 2020 e 2,8% em 2021.
Mas para Indústria e Serviços a XP projeta contrações respectivamente de 5% e 5,2%. Porém destaca que ambos têm condições promissoras de recuperação já a partir do fim de 2020, projetando crescimento de 5,9% da indústria e de 2,2% de serviços em 2021.
Outro fator que colabora para a retomada no Brasil é a demanda agregada, pontuou a XP, já que as medidas de sustentação do emprego formal no país se mostraram bem-sucedidas.
“Os programas do governo de sustentação e preservação de empregos formais têm se mostrado bem-sucedidos. Pelo lado da força de trabalho informal, o programa de auxílio emergencial …também contribui para uma elevação na massa de renda de uma população com propensão maior a consumir”, disse a XP.