IBGE reduz expectativa da safra agrícola brasileira, mas estimativa ainda é de colheita recorde em 2020

Instituto prevê que o país deverá colher 245,9 milhões de toneladas de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas nesto ano. Trigo: dólar alto está estimulando o plantio do alimento neste inverno
Reprodução/TV TEM
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reduziu nesta terça-feira (9) a estimativa da safra agrícola brasileira em 2020 em 0,5%. O motivo foi a seca no Sul do país, que prejudicou algumas culturas.
Ainda assim, a previsão do IBGE é safra recorde no Brasil, com produção de 245,9 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).
Se confirmado o resultado, será uma alta de 1,9% em relação a 2019, que é atualmente o recorde de produção no país.
O levantamento desta terça segue em linha com o divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A diferença é que o levantamento da Conab leva em conta o calendário de safra, que começa em julho e termina junho do ano seguinte, já o IBGE considera o que é produzido nos 12 meses do ano.
Soja e estiagem no Sul
Principal produto do agronegócio brasileiro e o item mais exportado pelo Brasil, a soja deverá superar o recorde atingido em 2018, com safra de cerca de 119,4 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 5,2% em relação à safra do ano de 2019.
A produção poderia ser maior se não tivesse uma forte estiagem no Sul, especialmente nas lavouras do Rio Grande do Sul.
“Uma severa e prolongada seca atinge a região, desde dezembro, sendo que o Rio Grande do Sul foi o mais afetado. A produção gaúcha, declinou 16,1% em relação a estimativa do mês de abril e 39,3% frente à produção de 2019”, ressalta o gerente do Levantamento, Carlos Antônio Barradas.
Incentivo para o trigo
Por outro lado, o dólar valorizado está incentivando a produção de trigo neste inverno, segundo o IBGE. A estimativa da produção do cereal está 31,4% maior que a do ano anterior.
“Metade do trigo no país é importado. Assim, a alta do dólar elevou o preço do cereal, gerando interesse em produzir para substituir parte dessa importação”, esclarece Barradas.
No Paraná, maior produtor desse cereal, com participação de 51,5% no total nacional, a produção foi estimada em 3,5 milhões de toneladas, crescimento de 65,9% em relação à produção de 2019.
Já no Rio Grande do Sul, segundo maior produtor (35,7% no total nacional), estima-se a produção de 2,5 milhões de toneladas, crescimento de 7,2% frente ao ano anterior.