Hospital em Salvador exige acompanhante para idoso internado com covid-19

O isolamento de pacientes com covid-19 já é regra conhecida desde o início da pandemia. Em hospitais, visitas e acompanhantes não têm sido permitidos para evitar o risco de contágio e proliferação da doença. Não foi isso, no entanto, que aconteceu no caso do idoso José Arthur Hage, 88 anos, internado no Hospital Santa Izabel, em Salvador, desde o último domingo (21) e com diagnóstico da doença causada pelo novo coronavírus.

Na noite do último sábado (27) uma boa notícia acabou se transformando em dor de cabeça para a família. É que o paciente apresentou uma melhora e pôde deixar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Seu José foi, então, transferido para um quarto numa ala que seria reservada a pacientes de covid-19. 

 “A assistente social ligou solicitando um acompanhante porque ele estava no quarto, a porta fechadas, segundo ela, e por conta da idade não poderia ficar sozinho. Eu questionei se ele não poderia ir para uma enfermaria e ela me disse que não poderia porque o plano dele cobre apartamento. Questionei sobre EPIs e ela, bem grosseira, me falou que não tinha EPI direito nem para eles e que era para a gente ir com a máscara que tivesse em casa”, relata a advogada Amanda Hage, neta do paciente, com quem o hospital fez contato. 

Amanda explica ainda que a filha e as netas de seu José, que poderiam ser as acompanhantes, são todas do grupo de risco, o que aumenta o perigo de contágio, ainda mais sem a proteção adequada. “A assistente ainda disse que poderíamos trocar o acompanhante a cada 24 horas, o que ia fazer o ciclo de contágio ser ainda maior. É um absurdo querer colocar uma pessoa saudável numa ala hospitalar de covid”, argumenta.  

Diante da ausência do acompanhante, Amanda foi contatada pelo Santa Izabel mais duas vezes. Na última ligação, na manhã deste domingo, o discurso foi um pouco diferente. “Quando questionei de novo sobre os EPIs, ela disse que o hospital forneceria. Eu contestei que isso não tinha sido dito nas duas outras ligações e ela disse que ia confirmar com o setor e retornar. Não ligou mais’, relata. 

Resposta do hospital
Procurado, o Santa Izabel informou que segue normas internacionais no tratamento de covid-19. “O hospital segue os protocolos internacionais de segurança, readequou fluxos e segmentou  unidades e serviços para qualificar a assistência e assegurar que os pacientes com suspeita de Covid-19 e a equipe assistencial não interajam com os enfermos em outro tipo de tratamento”, disse através da assessoria.

Afirmou, ainda, que mudou estratégias de comunicação com as famílias dos pacientes durante a pandemia. “Neste momento de pandemia, estratégias de  comunicação entre equipe assistencial e família tiveram que ser adaptadas para não aumentar o risco de contaminação. O Santa Izabel reforçou as ações de humanização com a implantação de atendimento de telepsicologia  para pacientes, familiares e colaboradores, e visita virtual – que funciona por meio de videochamada por smartphone, intermediada pelas equipes dos serviços de Psicologia Hospitalar e de Assistência Social”, acrescentou. 

Sobre o caso específico do paciente e da exigência de acompanhante, a assessoria informou que, “em determinados casos, o paciente ficar sozinho no quarto é arriscado por vários aspectos”. A nota segue, explicando que, para minimizar o risco de exposição também para os pacientes internados, profissionais de saúde e para os próprios visitantes, estabelecemos a permissão de apenas um acompanhante por paciente, com revezamentos a cada 24 horas” e que “não tem sido vedado à família, no entanto, manter o acompanhante por mais tempo no quarto. A entrada e saída no mesmo dia de mais de uma pessoa não tem sido permitida por questão de segurança sanitária”, diz o Santo Izabel.

O hospital assegurou que o Serviço Social entrou em contato com os familiares do idoso José Arthur Hage e confirmou que os Equipamentos de Proteção Especial dos acompanhantes – capa, máscara e luva – “são cotidianamente fornecidos pelo hospital”. Hoje, a equipe assistencial também reforçou com os familiares a necessidade do acompanhamento ao paciente.

*Com orientação da subeditora Clarissa Pacheco.