Guedes estima tombo menor do PIB em 2020, de 4%
Ministro da Economia voltou a defender o teto de gastos, as reformas estruturais e também pediu ajuda de estrangeiros para preservar o meio ambiente. O ministro da Economia, Paulo Guedes, estimou nesta segunda-feira (19) que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro terá um tombo menor do que estima o mercado financeiro, e também a própria equipe econômica em setembro. Segundo ele, o recuo deverá ser de 4% em 2020.
Ele deu as declarações em videoconferência transmitida pela Câmara de Comércio Estados Unidos-Brasil.
“A previsão inicial do FMI [Fundo Monetário Internacional] e outras instituições financeiras era que o PIB brasileiro cairia quase 10%, ou mais, e revisamos para 5% a 5,5%. Mas pensamos que vai ser muito menos do que isso, 4% de queda [em 2020]”, declarou o ministro.
Segundo pesquisa realizada pelo Banco Central na semana passada com mais de 100 instituições financeiras, e publicada também nesta segunda, o PIB deverá registrar retração de 5% neste ano.
Em setembro, última estimativa oficial, o governo brasileiro manteve a expectativa de queda de 4,7% para o PIB de 2020.
O Banco Mundial prevê uma queda de 5,4% no PIB brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima um tombo de 5,8% em 2020.
Segundo o ministro da Economia, o desafio, neste momento de recuperação da economia brasileira, é transformar essa “onda de consumo” que sustentou os cidadãos mais vulneráveis, por conta do auxílio emergencial decorrente da pandemia do novo coronavírus, em um “boom de investimentos”.
Para que isso aconteça, Guedes voltou a defender a manutenção do teto de gastos, mecanismo que limita as despesas públicas à variação da inflação do ano anterior, além das reformas estruturais e, também, a reformulação dos marcos legais para investimentos.
“Valorizamos o teto de gastos, que não existe em nenhuma economia emergente. Mas nenhuma outra economia tem um piso indexado como temos. Uma herança ruim dos tempos inflacionários, indexamos tudo. O que acontece é que a classe politica não controla o orçamento, pois 96% do orçamento federal é carimbado”, disse o ministro.
Para o teto de gastos não “colapsar”, o que em sua visão pode acontecer “a qualquer momento”, é necessário construir as paredes – que são o pacto federativo e a reforma administrativa.
“Se não desindexarmos a economia, desobrigarmos despesas que acontecem automaticamente, precisamos do teto. É como um símbolo, uma bandeira de que alguns de nos estamos nas trincheiras, nas cercas, para defender as gerações futuras. Estamos aqui para manter a briga pelo teto, o tanto que for necessário”, concluiu.
Meio ambiente
No evento da Câmara de Comércio EUA/Brasil, o ministro Paulo Guedes também pediu ajuda dos estrangeiros na preservação do meio ambiente, ao invés de apenas fazer críticas.
“Devemos explorar o futuro juntos. Ajude-nos ao invés de só criticar, levante sua mão, nos ajude a preservar o meio ambiente. Nós, brasileiros, entendemos que temos um papel importante em manter uma matriz de energia limpa, de ingressar em uma nova era de baixo carbono. Estamos nos movendo de petróleo para gás natural e energia eólica. Estamos prontos para cooperação e investimentos. Nós precisamos de ajuda”, declarou.
O tom mudou em relação a um evento com investidores realizado em agosto deste ano, quando Guedes acusou os norte-americanos de terem destruídos suas florestas.