Grupo promove ato em memória de estudante morto pela PM e contra genocídio negro

Uma manifestação em memória do estudante Micael Silva, 12 anos, morto durante uma ação policial no Vale das Pedrinhas, será realizada na tarde deste domingo (21), às 16h. O ato, chamado Justiça para Micael Silva, está marcado para acontecer no fim de linha do bairro. 

A manifestação também é um protesto contra o genocídio do povo negro e é organizada pelo grupo Reaja ou Será Morto. Micael tinha apenas 12 anos e foi baleado durante uma operação da Polícia Militar na noite do dia 14 de junho. Na ocasião, a PM diz que encontrou o menino caído após confronto com homens armados. Já a família de Micael contesta a versão policial e diz que ele morreu quando tentava se proteger dos militares, que chegaram atirando.

Vidas negras importam, mas desde que estejam longe daqui

Ato será em memória do adolescente Micael (Foto: Reprodução)

Segundo nota da PM enviada ao CORREIO, pouco depois das 21h, policiais militares da 40ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Nordeste de Amaralina) foram acionados pelo Centro Integrado de Comunicação (Cicom) para atender a uma ocorrência de homens armados na Rua Santo André, no Vale das Pedrinhas, quando foram recebidos a tiros.

“Houve troca de tiros e, ao cessar os disparos, os policiais encontraram um menino de 12 anos atingido, que foi socorrido para o Hospital Geral do Estado, onde não resistiu aos ferimentos.  No local onde houve o confronto, a guarnição encontrou ao solo um revólver calibre 38, duas porções de crack e de pasta base para cocaína, 50 pinos de cocaína e 17 trouxas de maconha”, diz trecho da nota. 

Familia
Para os parentes de Micael, não há dúvida de que ele foi morto pela PM. Eles contam que o menino saiu de casa no Areal, em Santa Cruz, para empinar pipa. “Como ele conhece toda região, no final da tarde, entrou na rua Santo André e ficou conversando com os amigos. Ele não se envolvia com coisas erradas, nunca foi conduzido pela polícia”, contou o pai de Micael, o auxiliar de serviços gerais Maurício dos Santos Menezes. 

O pai disse que, por volta das 18h, policiais chegaram à rua atirando, um comportamento habitual na comunidade.

“Como eles (policiais) só aparecem assim, distribuindo bala para todo mundo, meu filho e os demais correram, natural, pois quem quer receber bala de graça? Ninguém”, disse o pai.

Maurício relatou que Micael corria da saraivada de tiros quando foi atingido no pescoço e acabou entrando numa casa para pedir ajuda. ”Todo mundo viu a hora que meu filho foi atingido. Uns disseram que um dos policiais chegou a mirar nele. Meu filho foi tirado pelos policias de uma casa onde foi pedir socorro já morto. Antes de jogaram o corpo dele na viatura como um animal abatido, exibiram o corpo dele como um troféu”, desabafou o pai do menino.