Google emitiu mais de 33 mil alertas sobre ataques 'patrocinados por governos' contra usuários de seus serviços


Número é referente aos três primeiros trimestres de 2020. Empresa começou a alertar usuários em 2018. Google detecta sinais de ataques patrocinados por governos para alertar usuários que precisam tomar mais cuidado com suas contas on-line.
Charles Platiau/Reuters
O Google publicou um relatório detalhando algumas das medidas de segurança tomadas pela empresa. Segundo os dados para 2020, o Google já emitiu 33.015 alertas destinados a usuários que deveriam estar sofrendo ataques de espionagem patrocinados por governos – muitas vezes, esse é o tipo de invasão mais sofisticada e personalizada que existe.
O número de alertas é referente ao acumulado de alertas enviados nos três primeiros trimestres de 2020 (11.856, 11.023 e 10.136 em cada trimestre). Caso o último trimestre de 2020 siga essa tendência, o total de alertas no ano será comparável ao de 2019.
Quem recebe esses alertas é orientado a participar do Programa de Proteção Avançada do Google, que ajusta a conta para priorizar a segurança do usuário e evitar qualquer acesso suspeito – mesmo aqueles que normalmente seriam considerados legítimos. Isso obriga o usuário a realizar mais etapas de verificação do que uma conta normal, mas dificulta a vida de invasores.
Esses alertas começaram a ser emitidos pelo Google em 2018. Em muitos casos, as vítimas de espionagem governamental são ativistas políticos e jornalistas envolvidos em assuntos sensíveis para os interesses nacionais dos países responsáveis por essas ações.
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O Google não revela a técnica usada para detectar esse tipo de ataque, alegando que isso poderia ser utilizado pelos espiões para aprimorar seus métodos e dificultar a detecção de ataques futuros.
A companhia reafirmou, no entanto, que vem detectando ações de grupos do Irã e da China direcionadas contra pessoas envolvidas nas campanhas presidenciais norte-americanas. A Microsoft já havia alertado sobre essas mesmas ações, mas os países negaram envolvimento.
Maior ataque de negação de serviço
O relatório do Google trouxe um resumo das iniciativas da empresa para contornar ataques de negação de serviço – um tipo de atividade maliciosa em que hackers tentam congestionar a rede para impedir o acesso ao site alvo. A companhia revelou recentemente que conseguiu minimizar os impactos de um ataque de 2,54 Tbps ocorrido em 2017. É o maior ataque desse tipo já registrado.
O volume de tráfego gerado por 2,54 Tbps é suficiente para sustentar mais de 50 mil conexões de 50 Mbps, por exemplo, ou transmitir 100 mil filmes 4K com HDR por streaming, ou baixar 15 filmes de duas horas da mesma qualidade, inteiros, em um único segundo.
O Google oferece serviços comerciais de proteção contra DDoS como parte de seu pacote de computação em nuvem. Para alguns sites considerados de interesse social, como ativistas e jornalistas, a empresa oferece proteção de graça por meio do “Projeto Shield”.
Campanhas de desinformação no YouTube
Ainda no mesmo relatório, o Google informou que está combatendo campanhas de desinformação no YouTube em mandarim e inglês envolvendo o coronavírus e a situação em Hong Kong. Segundo os dados divulgados pela empresa, mais de 3 mil canais do YouTube foram suspensos no último trimestre.
Até o momento, a empresa disse não ter detectado nenhuma campanha semelhante envolvendo as eleições dos Estados Unidos.
De acordo com o relatório Mueller, que investigou as interferências estrangeiras na eleição norte-americana de 2016, as redes sociais foram utilizadas por grupos fora dos Estados Unidos – em geral atribuídos à Rússia – para disseminar conteúdos polêmicos, aparentemente com o objetivo de radicalizar o debate o político. A Rússia negou as acusações.
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