'Fui dopado, violado e roubado na minha casa', diz ex-participante de reality show

O ex-participante do Bake Off Brasil Murilo Marques usou as redes sociais para contar que sofreu uma violência sexual e ainda foi assaltado em sua própria casa. Em seu perfil no Twitter, na última sexta-feira (23), Murilo escreveu um relato sobre o caso, que teria acontecido na última quarta (21).
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Murilo participou da segunda temporada do Bake Off Brasil (Foto: Divulgação) |
“Eu entrei para a estatística! Essa semana, eu caí num golpe: fui dopado, violado e roubado na minha casa”, escreveu Murilo. Ele participou da segunda temporada do reality show de confeitaria do SBT, em 2016.
De acordo com o jovem, ele encontrou um homem que conheceu em um aplicativo de relacionamentos em sua casa, no centro de São Paulo. O homem teria enviado fotos antes.
“Eu moro sozinho no Copan, no centro da cidade de São Paulo. Ele chegou, me cumprimentou e o ato começou a rolar. Rapidinho ele parou, se vestiu e anunciou que era GP (Garoto de Programa), que precisava receber o pagamento e que eu deveria dar o dinheiro”, narrou.
Murilo contou que respondeu que tinha dinheiro, nem tinha contratado ninguém. O homem, porém, pegou uma máquina de cartão de crédito.
Confira alguns trechos do relato:
“Ele começou a se exaltar dizendo que queria receber o dinheiro dele. Esse diálogo rolou e eu cada vez com mais dificuldade de organizar minhas ideias, já imaginando que estava drogado. Cada vez mais agressivo e gritando comigo, ele me forçou a passar a senha na máquina de todos os meus cartões.
Eu tentei recusar e nessa hora ele desferiu um soco na minha cara. Nem senti na hora, mas depois vi que ficou roxo. Eu tenho cartões nos bancos @bradesco, @itau, @caixa e @nubank.
Em uma das tentativa, eu errei a senha e disse que precisava olhar no celular. Ele gritava que não era pra mexer no celular e pegou o aparelho. Mais uma vez, fui forçado a passar uma senha, dessa vez a do celular. Apesar de tonto e desnorteado, eu estava de pé ainda.
A essa altura, eu já sabia que havia sido dopado e já havia apanhado, estava reunindo toda minha energia para tentar me proteger. Pedi pra gente descer a um caixa eletrônico para sacar dinheiro e ele ir embora, fui até minha cômoda para pegar uma camiseta e ele voltou a ser bem agressivo, me agarrou pelo braço, jogou um pó branco em cima dessa mesma cômoda, disse que era cocaína e me mandou cheirar.
Eu só conseguia responder que não queria, mas ele insistia e ameaçou quebrar meu braço se eu não aceitasse. Eu resisti e, talvez pelo meu estado, ele não seria capaz de me forçar a cheirar.
Fui jogado na cama de bruços, nesse momento o estupro aconteceu: Eu só lembro dele me estuprando com a mão enquanto eu me debatia. Não sei quanto tempo durou, não sei o quanto eu resisti, mas fui estuprado.
Eu acho que ele me estuprou para me dopar mais, porque depois disso eu perdi quase toda minha consciência, entrei numa paranoia onde não sabia o que era realidade o que era pesadelo. Eu não conseguia andar, entrei em desespero pensando nos cartões, nas senhas.
Não sei quanto tempo durou essa paranoia, consegui ir até o banheiro e vomitei muito, eu estava preocupado dele estar lá ainda mas não tinha capacidade mental de saber isso, não sei descrever o medo que eu estava sentindo, eu parecia estar descolado da realidade e sem domínio do meu corpo, dos meus sentidos.
Reuni força não sei de onde e fui cambaleando até a porta, que era a única forma pra eu saber se ele ainda estava lá, já que eu simplesmente não conseguia olhar pro meu ap e fazer esse julgamento. Eu estava muito dopado mesmo.
A porta estava aberta, destrancada, ele tinha ido. Meu computador estava logado no WhatsApp, isso que me salvou porque consegui mandar algumas mensagens bem desconexas para o @andamos, meu vizinho, mandei um áudio pedindo ajuda tb e consegui mandar mensagem para meu namorado
@nananinanancio tb (sic).
O agressor levou meu celular e eu consegui fazer isso antes do aparelho perder o sinal, ele devia estar no corredor ainda e meu celular ainda estava no Wi-Fi. Os meninos correram para me acolher e me ajudaram a bloquear os cartões, mas eu ainda estava incapaz de entender o tamanho do estrago. Notei compras no débito na caixa, Itaú e Nubank.
Eu chorava muito, me senti sujo, culpado, me senti um lixo mas sabia que a saga não tinha terminado, precisava ir à delegacia fazer BO.
A delegacia é um ambiente nada acolhedor, eles me ouviram mas minha privacidade foi violada, tive que contar a história diante de vítimas de outros crimes, você está fragilizado, traumatizado, sujo e durante seu depoimento ouve piadinhas paralelas, é deprimente.
Fui encaminhado para o IML para fazer exame sexológico, toxicológico e busca de DNA, já era 20:30 quando cheguei lá com o Renan, esperamos e a médica me chamou, me sentou na cadeira dela e disse que seu jantar tinha acabado de chegar, que era pra eu voltar para recepção e esperar mais um pouco…
***
(…)
Eu decidi contar essa história porque eu preciso ser capaz de compartilhar isso sem medo, sem vergonha, apesar de me sentir humilhado e culpado eu SEI que sou uma vítima, eu TENHO que superar”.