Especialistas mostram a importância de controlar o caixa na retomada
Aos poucos, as atividades comerciais começam a voltar a funcionar presencialmente em Salvador. Longe de ser algo simples, o retorno exige cuidados com as questões sanitárias, além de uma atenção redobrada com o planejamento financeiro. Para os especialistas, o momento é de transformar o caixa no centro das atenções, averiguando o fluxo de receitas projetado no curtíssimo prazo (um ou dois meses), e também eliminando despesas que não sejam essenciais à manutenção das atividades desenvolvidas na realidade da empresa.
O sócio líder da empresa de consultoria em negócios PwC Brasil no Nordeste Luciano Sampaio reforça que, nesse momento, é prioritário manter a atenção nas finanças, assumindo os compromissos que possam ser honrados, considerando que a retomada será homeopática e gradativa. “É o momento de revisitar o planejamento estratégico da empresa, eventualmente ajustando o curso de suas atividades na tentativa de identificar novos nichos de demanda apresentados pelos seus atuais e os potenciais clientes”, ensina.
Para Luciano Sampaio, esse é o momento de revisitar o negócio, cortando gastos desnecessários e afinando o funcionamento das empresas (foto: Divulgação) |
Criadora do método Bora Financeirar, a especialista em gestão financeira Raquel Santos afirma que, nesse primeiro momento, é fundamental manter a calma para entender as obrigações com os novos protocolos de segurança e verificar se reabrir o negócio vale mesmo a pena do ponto de vista financeiro. “É a hora de fazer conta de forma realista”, diz ela.
Retorno efetivo
Para tanto, a sugestão é saber quanto se precisa vender diariamente para o pagar as contas e gerar caixa para o negócio. “Dessa forma, o empresário precisa identificar se a redução da capacidade de atendimento é suficiente para o pagamento de todas as despesas, incluindo a dívida pelo tempo que o negócio ficou fechado”, orienta.
Criadora do Bora Financeirar, Raquel salienta a importância de disciplinar o fluxo de caixa e não se deixar seduzir pela entrada de dinheiro sem planejamento (Foto: Divulgação) |
Em seguida, a recomendação de Raquel é calcular corretamente os preços dos produtos ou serviços. “Ver dinheiro entrando no caixa traz a falsa sensação de segurança financeira. Com a minha experiência, sei que esse é um dos erros cruciais que levam a falência dos negócios”, destaca.
Luciano Sampaio destaca que determinados segmentos/empresas, embora autorizados a retornar às atividades, tomaram a decisão de aguardar o andamento dos fatos. Isso se deve ao fato de que para retornar ao “novo normal”, é necessário um investimento elevado para readequar os ambientes de trabalho com limitação de uso. Em outras palavras, será necessário investimento antecipado para que se possa operar abaixo de 100% da capacidade; além do fato de que o consumidor está mais conservador para seguir a rotina pré-pandemia. “É crucial analisar se há, de fato, segurança para que o retorno financeiro ocorra com novos investimentos obrigatórios ou se é possível fazer o uso das tecnologias para dar andamento às atividades ou se será necessário aguardar um pouco mais. Claramente, isso não seria uma receita de bolo, sendo necessária uma avaliação individualizada e customizada”, diz.
Estratégias de luta
O CEO da empresa Débito Direto Bruno Grahl salienta que nesse processo de rearrumação dos negócios, ter um sistema que organize, facilite a visualização das contas, e ainda ofereça opções e facilidades no pagamento pode ser um grande aliado no processo da gestão financeira de pequenos negócios. Ele defende que os empresários busquem conhecer metodologias ágeis, que garantam a qualidade de entrega e diminuam custo. “Nesse momento, vale reforçar a presença digital para fortalecer a marca e se aproximar dos clientes e parceiros”, diz. Para ele, essa presença pode e deve ser usada ainda na digitalização de processos manuais, tornando-os mais lucrativo e rápidos.
Luciano Sampaio também defende a tecnologia como uma ferramenta importante nesse momento. “Existem desde ferramentas e aplicativos gratuitos disponíveis no mercado a plataformas financeiras com algum custo mensal de manutenção e que podem ajudar as empresas a se organizarem e planejarem o fluxo financeiro”, sugere.
Aliado a isso, o representante da PwC reforça a importância que se entenda quais são as novas demandas dos clientes, que se customize a experiência desse público. “Importante também acompanhar os desdobramentos das ações dos governos para observar onde haverá possibilidades de redução de saída de caixa ou se haverá maior tributação no segmento de atuação”, finaliza.
PASSOS SEGUROS
- Separe o dinheiro pessoal do dinheiro do negócio (pró-labore);
- Defina o recebimento mínimo necessário mensal;
- Faça a precificação correta dos produtos e serviços;
- Defina quanto quer ter de resultado positivo pelo negócio;
- Estabeleça os níveis de caixa para a saúde financeira da empresa;
- Crie uma rotina ideal do setor financeiro;
- Avalie como e quando cobrar do cliente inadimplente;
- Escolha as formas de recebimento ideais;
- Acompanhe o fluxo de caixa da empresa;
- Verifique se a empresa está dando lucro ou prejuízo.
(Fonte: Raquel Santos)