Escolas investem até R$ 2 mi em segurança contra Covid-19, mas descartam reajuste de mensalidade

As escolas particulares do Estado de São Paulo realizaram investimentos tanto para a adequação do ensino à distância como para a preparação ao retorno das atividades presenciais a partir de outubro. Os custos para a compra de equipamentos de segurança para prevenir o contágio do novo coronavírus, como máscaras, escudos faciais e álcool em gel, e a adequação das estruturas para respeitar o distanciamento social entre alunos e professores chegaram a R$ 2 milhões para algumas instituições de ensino ouvidas pela reportagem da Jovem Pan. O aporte se torna ainda mais significativo diante da liberação de descontos nas mensalidades para evitar a debanda de alunos e o cancelamento de matrículas em meio ao endurecimento da pandemia. O agravamento da crise econômica, porém, não deixa margem para as escolas repassarem os custos e reajustarem as mensalidades.

Segundo dados da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), que representa 24 instituições, com cerca de 30 mil alunos da educação infantil ao ensino médio, um colégio com uma estrutura para até mil estudantes, desembolsou em média R$ 100 mil na compra de itens de proteção e adequação das áreas comuns. “Ocorreram várias formas de investimento, desde a aquisição de recursos tecnológicos para aulas remotas, até escolas que fizeram reformas e ampliaram janelas e portas para facilitar a circulação das pessoas”, afirma Cláudio Giordino, um dos diretores da Abepar e diretor-executivo do Grupo OEP, que reúne os colégios Oswald de Andrade, Elvira Brandão e Piaget.

Mesmo que cada unidade da associação tenha gestão independente, Giordino afirma que a redução de renda de muitas famílias somada a instabilidade causada pela pandemia impossibilitam o aumento de mensalidades neste momento, apesar dos aportes feitos pelas unidades de educação. “Não estamos pensando nisso agora. O mais importante é criar condições seguras para receber os estudantes, isso é imprescindível, além de garantir o acolhimento emocional dos alunos e a estruturação das atividades pedagógicas”, afirma.

Nas quatro unidades do Pueri Domus, o centro de educação de elite do grupo SEB, foram investidos R$ 2 milhões na compra de equipamentos de segurança para colaboradores, readequação das salas de aulas e outras áreas comuns, e montagem de estruturas de higienização nas entradas dos colégios. “Esse repasse não será feito aos alunos, a escola irá absorver todos esses investimentos”, diz a diretora-geral das unidades, Christina Sabadell.

O reaproveitamento dos equipamentos no cotidiano das escolas no pós-pandemia é outra razão para evitar aumentos de mensalidade neste momento. No Colégio Dante Alighieri, os investimentos em tecnologia e reestruturação dos meios de ensino foram liberados mediante o seu emprego também quando a rotina da escola voltar à normalidade. “Elaboramos estudo estratégico para fazer todas as compras com bom senso. O que adquirimos no momento de crise permanecerá no colégio como um acréscimo de tecnologia”, explica Valdenice Minatel, diretora-geral de educação da escola.

O retorno das aulas presenciais no Estado de São Paulo foi adiado para 7 de outubro, informou o governador João Doria nesta sexta-feira, 7. Inicialmente, o Plano São Paulo previa o retorno no dia 8 de setembro, mas as condições impostas para que isso acontecesse não foram cumpridas. Para que a retomada ocorresse em setembro, o Estado deveria ter pelo menos 80% da população na Fase 3 – Amarela por no mínimo quatro semanas e os outros 20% há 14 dias. No dia 8 de setembro, porém, as unidades que ficam em regiões que estão há 28 dias na Fase Amarela serão liberadas para reabrir e promover atividades de recuperação e acolhimento de forma opcional. As escolas de ensino infantil e fundamental, dos anos iniciais, poderão atuar com 35% da capacidade. Os dias 5 e 6 de outubro serão usados para planejamento e treinamento dos protocolos.