Escolas da rede pública atendem mais de 80% dos alunos do ensino fundamental e médio, aponta IBGE

Dados da Pnad 2019 mostram ainda que 11 milhões de brasileiros são analfabetos e 52% da população acima de 25 anos não concluiu o ensino básico. Índices poderão aumentar com o risco de evasão causado pela pandemia. Alunos tomam distância e usam máscaras dentro da sala de aula
Prefeitura de Coronel Fabriciano/Divulgação
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2019, divulgados na manhã desta quarta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que mais de 80% dos alunos do ensino fundamental e médio estudam na rede pública em todo o país.
Dados da Pnad 2019 mostram ainda que 11 milhões de brasileiros acima de 15 anos são analfabetos e 52% da população acima de 25 anos não concluiu o ensino básico, etapa que termina no último ano do ensino médio. Entre a população de 15 a 29 anos, 14,2% estavam ocupadas e estudando em 2019; 22,1% não estavam ocupadas nem estudando; 28,1% não estavam ocupadas, porém estudavam; e 35,6% estavam ocupadas e não estudando.
De acordo com a pesquisa, a rede pública atendia até 2019:
74,7% dos alunos da creche e pré-escola
82% dos estudantes do ensino fundamental regular
87,4% do ensino médio regular
A pandemia do coronavírus poderá elevar os índices, já que diversas famílias estão perdendo renda e transferindo os filhos para o ensino público. Ao mesmo tempo, a educação brasileira poderá ter um impacto de R$ 27,7 bilhões a menos, caso haja redução de 25% na arrecadação de impostos e transferências de recursos, de acordo com estudo do Todos pela Educação e Instituto Unibanco.
Outra pesquisa, da Fundação Roberto Marinho e do Insper, indica que o jovem fora da escola custa mais ao país que o investimento feito para que conclua a educação básica: são gastos cerca de R$ 90 mil por aluno ao longo dos 14 anos da educação básica, que compreende pré-escola, ensino fundamental e médio, mas quando um jovem não conclui essa etapa de ensino, a perda é de R$ 372 mil por ano, considerando que este jovem passa, em média, menos tempo em empregos formais; têm menor expectativa de vida com qualidade; e tendem a ter um maior envolvimento em atividades violentas, como homicídios.
Em março, as aulas presenciais foram suspensas em todo o país. Desde então, as redes públicas têm se adaptado com aulas e atividades remotas, para tentar manter a educação dos estudantes. Mas, nem todos os estados conseguem monitorar os índices de acesso às plataformas de estudo e, entre os que monitoram, os dados indicam baixa adesão. O risco é o aumento da evasão escolar.
60% dos estados monitoram acesso ao ensino remoto: resultados mostram ‘apagão’ do ensino público na pandemia
Estudantes, pais e professores narram cenário do ensino público na pandemia; em 7 estados e no DF, atividade remota não vai contar para o ano letivo
Confira os principais destaques da Pnad 2019:
Analfabetismo
Entre as 11 milhões de pessoas com 15 anos ou mais de idade que eram analfabetas em 2019, 56,2% (6,2 milhões de pessoas) viviam na Região Nordeste.
A maior a proporção de analfabetos está entre os mais velhos: 18% tem mais de 60 anos
Na análise por cor ou raça, 3,6% das pessoas de 15 anos ou mais de cor branca eram analfabetas, percentual que se eleva para 8,9% entre pessoas de cor preta ou parda (diferença de 5,3 pontos percentuais)
Educação básica
48,8% dos brasileiros com 25 anos ou mais terminaram a educação básica obrigatória
51,2% da população de 25 anos ou mais de idade não havia completado a educação escolar básica
A desigualdade é maior entre raças: 57% dos declarados brancos haviam terminado o ciclo básico de estudos em 2019; entre negros e pardos o percentual foi de 41,8%, diferença de 15,2 pontos percentuais.
Taxa de escolarização
Entre as crianças de 0 a 3 anos, a taxa de escolarização foi 35,6%, o equivalente a 3,6 milhões de estudantes.
Entre as crianças de 4 a 5 anos, a taxa foi de 92,9% em 2019, frente aos 92,4% em 2018, totalizando pouco mais de 5 milhões de crianças.
Já na faixa de idade de 6 a 14 anos, a universalização, desde 2016, já estava praticamente alcançada, chegando a 99,7% das pessoas na escola em 2019
A taxa de escolarização entre os jovens de 15 a 17 anos em 2019 foi de 89,2%, 1,0 p.p. acima de 2018. Entre as pessoas de 18 a 24 anos e aquelas com 25 anos ou mais, 32,4% e 4,5% estavam frequentando escola, respectivamente
A taxa de escolarização das pessoas de 18 a 24 anos, independentemente do curso frequentado, foi de 32,4%, percentual estatisticamente estável frente a 2018; 21,4% desses jovens frequentavam cursos da educação superior
Atraso nos ciclos de ensino
Crianças de 6 a 10 anos se mantêm adequadamente na idade/etapa correta nos anos iniciais do ensino fundamental, porém ao passar para os anos finais, o atraso começa a acentuar.
Em 2019, 12,5% das pessoas de 11 a 14 anos de idade já estavam atrasadas em relação à etapa de ensino que deveriam estar cursando ou não estavam na escola
Entre pessoas de 18 a 24 anos, 11% estavam atrasados, frequentando algum dos cursos da educação básica; 4,1% haviam completado o ensino superior e 63,5% não frequentavam escola
Evasão
Entre os jovens de 14 a 29 anos, quase 50 milhões de pessoas, 20,2% não completaram o ensino médio, seja por terem abandonado a escola ou por nunca tê-la frequentado
Nesta situação, portanto, havia 10,1 milhões de jovens, dentre os quais, 58,3% homens e 41,7% mulheres. Considerando-se cor ou raça, 27,3% eram brancos e 71,7% pretos ou pardos
Os maiores percentuais de abandono da escola está nas faixas a partir dos 16 anos de idade (entre 15,8% e 18,0%).
Abandono precoce, ainda na idade do ensino fundamental, foi de 8,5% até os 13 anos e de 8,1% aos 14 anos.
O principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado escola foi a necessidade de trabalhar (39,1%).
No recorte por gênero, mulheres deixam de estudar por falta de interesse (24,1%), gravidez (23,8%) e trabalho (23,8%).
11,5% das mulheres indicaram realizar os afazeres domésticos como o principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado escola; para homens, este percentual foi inexpressivo
Percentual alto de alunos não tem acompanhado as aulas pela internet durante a pandemia