Enem 2020 terá custo extra de R$70 milhões por causa da pandemia de coronavírus, diz MEC

MEC e Inep divulgaram nesta quarta-feira (8) novas datas para as provas, que serão aplicadas em janeiro e fevereiro, e anunciaram mudanças, como menor número de alunos por sala. Enem 2020 custará mais caro que o do ano passado por causa da pandemia do coronavírus
André Melo Andrade/Myphoto Press/Estadão Conteúdo
Durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira (8) para divulgar as novas datas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o secretário-executivo do Ministério da Educação (MEC), Antonio Paulo Vogel, informou que o exame deste ano terá um gasto adicional de R$70 milhões por causa da pandemia do coronavírus.
São as principais mudanças por causa do risco de transmissão do coronavírus:
Aluguel de mais salas para dar maior espaçamento entre os alunos
Compra de máscaras e materiais de segurança
Oferta de álcool gel
Além das mudanças impostas pela pandemia, o MEC informou que a aplicação do Enem 2020 será mais cara porque teve um crescimento no número de inscritos em relação a 2019 e, pela primeira vez, terá a versão digital, além da impressa.
No ano passado, o Enem teve cerca de 3,9 milhões de inscritos, um milhão e meio a menos em relação a 2020, e um custo total de R$537 milhões.
Novas datas
As provas do Enem 2020 serão aplicadas em janeiro e fevereiro de 2021, sendo todas as datas:
Provas impressas: 17 e 24 de janeiro, para 5,7 milhões inscritos
Prova digital: 31 de janeiro e 7 de fevereiro, para 96 mil inscritos
Reaplicação da prova: 24 e 25 de fevereiro
Resultados: a partir de 29 de março
“Entendemos que essa decisão não seja perfeita e maravilhosa para todos”, afirmou Vogel. “Mas buscamos uma decisão técnica, que melhor se adequava para todos.”
Segundo o MEC, a nova data não prejudicará o ingresso dos aprovados nas universidades no primeiro semestre de 2021.
“Se a gente deixasse para maio do ano que vem, os ingressos [nas faculdades] seriam somente no segundo semestre do ano que vem”, justificou Vogel, afirmando que o Enem é o motor de uma engrenagem importante do ensino superior, pois é usado em outros exames, como o Sisu.
O secretario-executivo do MEC também afirmou que um segundo Sistema de Seleção Unificada, Sisu, poderá ser aplicado em 2021.
A nova data para o Enem 2020 é definida mais de quatro meses após a suspensão das aulas presenciais e fechamentos das escolas em todo o Brasil por causa da disseminação do coronavírus.
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Na semana passada, o governo divulgou o resultado da enquete que perguntou aos alunos quando as provas do Enem 2020 deveriam ser aplicadas. 50% dos participantes afirmaram preferir a prova em maio de 2021. Apesar da preferência, foi necessário articular o cronograma com estados e universidades, que usam o Enem como vestibular.
“Apesar de maio ter sido a resposta mais citada, somados, os estudantes que preferiam dezembro e janeiro foram maioria na enquete”, comentou o secretário-executivo.
Segundo o governo, as questões do Enem 2020 já estavam prontas antes da pandemia e o conteúdo continua sendo o mesmo.
Quanto ao Enem digital, o MEC informou que a previsão é que a prova seja totalmente digital até 2026.
Pressão para adiar o Enem
A realização do Enem 2020 estava prevista para novembro, mas após pressão da sociedade diante da suspensão das aulas com a pandemia de coronavírus, o exame foi adiado.
No entanto, decisão pelo adiamento só ocorreu depois de o governo enfrentar questionamentos judicias. O debate chegou ao Congresso, e o Senado aprovou um projeto que adiava o Enem 2020. O texto seguiu para avaliação da Câmara dos Deputados.
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A indefinição gerou ansiedade em estudantes, que chegaram a fazer campanha nas redes sociais pela realização da prova em maio, o que beneficiaria estudantes da rede pública, segundo eles, por dar mais tempo para a preparação. Outros preferiram a prova em outra data (dezembro ou janeiro, por exemplo), para não correrem o risco de não ter Enem em 2021.
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