‘Ele poderia ter morrido’, diz mãe de adolescente agredido com barra de ferro pelo pai após assumir orientação sexual

Agressão ocorreu em Maceió. Delegada disse que papel de pais e responsáveis é orientar menores. Adolescente é espancado pelo pai e pelo irmão após declarar que é homossexual
Órgãos que defendem as crianças e os adolescentes se reuniram nesta quarta-feira (26) com o conselho tutelar para adotar providências sobre o caso do adolescente de 14 anos que foi agredido com uma barra de ferro pelo pai e com socos pelo irmão depois de assumir a orientação sexual.
A mãe do adolescente, que preferiu não se identificar por medo do ex-marido, contou que o filho foi agredido pelo pai e pelo irmão de 34 anos no último domingo (23) na Chã de Bebedouro, em Maceió.
“Ele poderia estar morto. Eu quero que ele pague o que ele fez com o meu filho”, disse.
“Ele falou, mãe quando o meu pai meteu o pau na minha cabeça, o meu irmão ficou dando socos. Ele está sentindo muita dor de cabeça. O pai não socorreu ele. Isso não era para ter acontecido. Ele como pai, tinha chamado, conversado com a criança ou mandado me chamar e eu tomaria as providências”, complementou.
O adolescente levou mais de 10 pontos na cabeça e ficou com hematomas pelo corpo.
Adolescente agredido com barro de ferro pelo pai após assumir orientação sexual, em Maceió
Reprodução/TV Gazeta
O presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Social, Alberto Jorge, disse que a Comissão recebeu uma recebeu uma denúncia formal do Grupo Gay de Alagoas (GGAL), no dia do ocorrido. Ele falou sobre que todos os passos do caso serão acompanhados.
“Para que a gente possa encaminhar um documento oficial para o Ministério Público Estadual, especificamente para o Ministério Público da 14ª Vara Criminal e juntamente com as entidades nós estaremos acompanhando passo a passo desse caso, porque a gente não pode deixar proliferar esse tipo de situação aqui em Alagoas, disse.
A reunião desta quarta foi realizada entre a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas, por meio das Comissões de Defesa da Criança e do Adolescente, Direitos Humanos, Diversidade Sexual e de Gênero e da Promoção da Igualdade Social e os conselheiros tutelares do caso.
O conselheiro tutelar da 4ª região, Celso Deoclécio, disse que também existe denúncia de que o pai do adolescente vem ameaçando a ex-companheira, mãe do menor. O caso vai ser encaminhado para a Delegacia da Mulher.
A delegada Adriana Gusmão Moreira disse que os homens devem responder por lesão corporal grave. Ela aguarda laudo do IML para saber a gravidade da lesão no adolescente.
“Não justifica a violência. Os familiares tem que orientar, tem a obrigação de orientar. Tanto o pai, a mãe, os cuidadores tem obrigação de orientar, dar todo amparo possível e não, agir com violência”, disse.
O presidente da OAB-AL, Nivaldo Barbosa Jr., reforçou a importância do acompanhamento do caso, visto os crimes de violência contra um adolescente e homofobia.
“É inaceitável que esse tipo de crime aconteça, sobretudo quando o agressor é o pai do adolescente. Estamos acompanhando o caso de perto, com o envolvimento de diversas Comissões da Ordem, no sentido de proteger o adolescente e tomar as medidas cabíveis nesta situação”, afirmou.
Além dos membros da OAB-AL, estiveram presentes na reunião representantes do Grupo Gay de Alagoas (GGAL), da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, do Conselho Estadual da Criança, Conselho Municipal LGBT, do Conselho Estadual de Saúde, Conselho Tutelar e do Grupo Guerreiras Alagoanas Pela Diversidade.
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