Doeu no bolso: laranja está 100% mais cara nas feiras de Salvador

Quem não abre mão de um suquinho de laranja para amenizar o calor de Salvador ou dar aquela fortalecida na imunidade, já que a fruta é rica em vitamina C, terá um baque se for às feiras.

A fruta é uma das que registrou maior aumento após a chegada da pandemia do novo coronavírus a Salvador. “A laranja está na entressafra e, com a pandemia, muitas pessoas vieram comprar. Por isso, o preço do cento da fruta registrou um salto de 100%”, calcula o presidente do Sindicato dos Vendedores Ambulantes e dos Feirantes da Cidade do Salvador (Sindfeira), Nilton Ávila. Segundo ele, cem laranjas, que eram vendidas por R$ 10, agora custam R$ 20.

Os preços para os consumidores também variam bastante. Em uma feirinha no bairro da Pituba, por exemplo, um saco com 20 unidades custava R$ 10 e já estava sendo vendido pelo dobro do valor nesta semana. A alta também foi percebida no bairro de Cajazeiras 10, onde a dezena saltou de R$ 7 para R$ 14.

Apesar do aumento considerável, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Humberto Miranda, ressalta que as altas nos preços dos demais produtos vendidos na feira ainda são pontuais. Entre os alimentos com os maiores aumentos, Miranda citou a acerola e os laticínios.

No caso da acerola o um aumento de preço foi justificado porque ela integra o grupo das frutas e verduras, que costuma ser o primeiro a sofrer com uma quebra na produção, como o que ocorreu devido ao coronavírus. “Estes alimentos precisam de uma reposição mais rápida. São produtos perecíveis, que não podem ser guardados por um mês na casa. É algo que tem que se comprar com certa constância”, pontua.

O valor do leite é influenciado pela demanda. No caso dos leites líquidos, foi registrado um aumento entre 20% e 25% no valor do produto. Miranda aponta que os aumentos são fruto de uma série de eventos, desde as restrições causadas pelo coronavírus até a alta do dólar. Para ele, muitas prefeituras se precipitaram ao barrar o tráfego e fechar o comércio. “Se a loja que vende os insumos e as sementes está fechada, não é possível replantar os produtos”, afirma.

Com o acesso dificultado aos insumos, há um aumento do tempo de espera entre a colheita e a plantação, o que reduz a oferta do alimento. “Os alimentos têm um ciclo natural e, quando se deixa de plantar, não se colhe rápido. Começou a haver a procura, mas a oferta diminuiu devido à dificuldade de transporte e para produzir”, disse.

Outro fator que contribuiu para a alta é o fechamento de algumas feiras livres e centros de distribuição, como o de Juazeiro. “Se a Ceasa de Juazeiro para por dois ou três dias, isso afeta o abastecimento dos grandes centros e interfere nos preços. Uma pessoa me contou ter comprado um pacote de acerola cinco vezes mais caro em Salvador, isso acontece porque o produto não teve como chegar à capital com a mesma regularidade de antes”, analisa o presidente da Faeb.

* Com orientação da subeditora Clarissa Pacheco