‘Dias melhores virão’, diz rainha Elizabeth II
A rainha Elizabeth II, 93 anos, fez um pronunciamento raro neste domingo (5), no qual elogiou o espírito nacional dos britânicos e pediu que a população supere o tempo de ‘dor’ e de ‘enormes mudanças’ que a pandemia do coronavírus trouxe. Em 68 anos de reinado, esta é a quinta vez que a monarca fala publicamente, com exceção das tradicionais mensagens de Natal.
Na conta oficial do Instagram da família real, a rainha comentou sobre a importância de todos se manterem dentro de suas casas, já que o Reino Unido é um dos lugares com mais casos de coronavírus da Europa. Foram registradas, nas últimas 24 horas, mais de 621 mortos, somando quase 5 mil mortos em todo o país que tem uma população majoritariamente idosa.
“Quero agradecer a todos na linha de frente do NHS, bem como aos profissionais de saúde e àqueles que desempenham papéis essenciais, que continuam seus deveres diários fora de casa, em apoio a todos nós”, disse, em um trecho do pronunciamento.
“Tenho certeza de que o país se juntará a mim para garantir que o que você faz seja apreciado e a cada hora de seu trabalho duro nos aproxime de um retorno a tempos mais normais”, completou a rainha Elizabeth. No final de sua fala, ela fez um discurso de esperança de que dias melhores virão após a pandemia. “Devemos ter consolo de que, embora tenhamos mais ainda para suportar, dias melhores virão: estaremos com nossos amigos novamente; estaremos com nossas famílias novamente; nós nos encontraremos novamente”, falou.
A aparição da monarca é simbólica, em meio à crise mundial e aos riscos causados pela pandemia. A monarca somente se manisfetou na Guerra do Golfo (1991), após a morte Diana, ex-mulher do príncipe Charles (1997), na morte da rainha mãe (2002) e durante a celebração dos 60 anos do reinado dela (2012).
Veja o pronunciamento completo da Rainha Elizabeth II:
“Estou falando com você no que sei que é um momento cada vez mais desafiador. Um momento de perturbação na vida de nosso país: uma perturbação que trouxe pesar a alguns, dificuldades financeiras para muitos e enormes mudanças no cotidiano de todos nós.
Quero agradecer a todos na linha de frente do NHS, bem como aos profissionais de saúde e àqueles que desempenham papéis essenciais, que desinteressadamente continuam suas tarefas diárias fora de casa, em apoio a todos nós. Estou certa de que a nação se juntará a mim para garantir que o que você faz seja apreciado e a cada hora de seu trabalho duro nos aproxime de um retorno a tempos mais normais.
Também quero agradecer àqueles que estão em casa, ajudando assim a proteger os vulneráveis e poupando a muitas famílias a dor já sentida por aqueles que perderam entes queridos. Juntos, estamos enfrentando esta doença e quero garantir que, se permanecermos unidos e resolutos, vamos superá-la.
Espero que nos próximos anos todos se orgulhem de como responderam a esse desafio. E aqueles que vierem depois de nós dirão que os britânicos desta geração eram tão fortes quanto qualquer outro. Que os atributos da autodisciplina, da calma e bem-humorada determinação e do sentimento de companheirismo ainda caracterizam este país. O orgulho de quem somos não faz parte do nosso passado, define o nosso presente e o nosso futuro.
Os momentos em que o Reino Unido se uniu para aplaudir seus cuidados e trabalhadores essenciais serão lembrados como uma expressão do nosso espírito nacional; e seu símbolo serão os arco-íris desenhados por crianças.
Em toda a Commonwealth e em todo o mundo, vimos histórias emocionantes de pessoas se unindo para ajudar outras pessoas, seja através da entrega de pacotes de alimentos e remédios, checando vizinhos ou convertendo empresas para ajudar no esforço de socorro.
E, embora o auto-isolamento às vezes seja difícil, muitas pessoas de todas as religiões e de nenhuma, estão descobrindo que ela apresenta uma oportunidade de desacelerar, pausar e refletir, em oração ou meditação.
Isso me lembra a primeira transmissão que fiz, em 1940, ajudada por minha irmã. Nós, quando crianças, conversamos daqui em Windsor com crianças que haviam sido evacuadas de suas casas e mandadas para sua própria segurança. Hoje, mais uma vez, muitos sentirão uma sensação dolorosa de separação de seus entes queridos. Mas agora, como então, sabemos, no fundo, que é a coisa certa a fazer.
Embora já tenhamos enfrentado desafios antes, este é diferente. Desta vez, nos unimos a todas as nações do mundo em um esforço comum, usando os grandes avanços da ciência e nossa compaixão instintiva para curar. Nós teremos sucesso – e esse sucesso pertencerá a todos nós.
Devemos ter consolo de que, embora tenhamos mais ainda para suportar, dias melhores virão: estaremos com nossos amigos novamente; estaremos com nossas famílias novamente; nós nos encontraremos novamente.
Mas, por enquanto, envio meus agradecimentos e votos de felicidades a todos.”
A rainha Elizabeth II fez um discurso neste domingo (5) no qual elogiou o espírito nacional dos britânicos e pediu que a população supere o tempo de “dor” e “enormes mudanças” que a pandemia do coronavírus trouxe.
No discurso, a soberana de 93 anos agradeceu aos britânicos que estão permanecendo em casa para evitar a propagação da doença e, sobretudo, aos profissionais do sistema público de saúde.
“Estamos enfrentado esta doença juntos”, disse. “Vamos nos encontrar novamente.”
A rainha também admitiu que a doença está causando sofrimento entre os cidadãos pela perda de vidas, bem como dificuldades financeiras para muitas famílias.
“Aqueles que vierem depois de nós dirão que os britânicos desta geração eram tão fortes quanto todos os demais. Os atributos de autodisciplina, determinação tranquila e bem-humorada, além de companheirismo, ainda caracterizam este país”, acrescentou a monarca.
Em 68 anos de reinado, este foi apenas o quinto discurso realizado pela rainha Elizabeth II, além das tradicionais mensagens de Natal. O último pronunciamento foi feito em 2002, após a morte da rainha-mãe.
“Espero que nos próximos anos todos se orgulhem de como responderam a esse desafio”, afirmou a chefe de Estado no discurso gravado no Castelo de Windsor.
No Reino Unido, quase 5 mil pessoas já morreram em decorrência da Covid-19. O filho mais velho da rainha e herdeiro do trono, príncipe Charles, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foram infectados pelo vírus.
Poucos discursos públicos
A soberana reservou nas últimas décadas esse tipo de intervenção para momentos de gravidade especial.
A última vez foi em 2002, após a morte da rainha-mãe, quando vestida de preto, agradeceu ao país o “amor e honra” mostrados.
Em 1997, antes do funeral da princesa Diana, a monarca lembrava a esposa de seu filho Charles como “um ser humano excepcional e maravilhoso” que “nos tempos bons e ruins nunca perdia a capacidade de sorrir”.
O primeiro discurso da rainha à nação nesse formato foi em 1991, durante a Guerra do Golfo, quando ela pediu aos britânicos que rezassem pelo sucesso das Forças Armadas “ao menor custo possível na vida humana e no sofrimento possível”.