Decisão do Senado explicita caminho tortuoso de uma reforma administrativa
Senadores derrubaram veto de Bolsonaro a reajustes para servidores durante a pandemia. Votação na Câmara está prevista para esta quinta-feira (20). Ana Flor comenta derrubada por senadores de veto que impedia reajustes a servidores durante a pandemia
A decisão do Senado desta quarta-feira (19) de derrubar, por ampla maioria, o veto presidencial que impedia reajuste de servidores até o final de 2021 indica o tortuoso caminho que uma reforma administrativa terá no Congresso Nacional.
O impedimento dos reajustes foi a única contrapartida pedida pelo governo para conceder aos estados e municípios uma ajuda de R$ 60 bilhões em meio à pandemia do novo coronavírus.
Os senadores cederam mais uma vez à pressão das corporações, que querem ter reajuste em um momento em que boa parte da força de trabalho da iniciativa privada tem salários reduzidos e enfrenta o aumento do desemprego.
A reforma administrativa tenta reduzir o segundo maior custo dos governos brasileiros, a folha de pagamento do funcionalismo público, atrás apenas dos gastos previdenciários.
As mudanças na estrutura Estado já estão sendo debatidas, mas valerão apenas para quem entrar no serviço público a partir da sua aprovação.
Mesmo assim, a reforma conta com forte resistência política, pela impopularidade com os grupos do funcionalismo nas cidades, estados e na esfera federal. Nem mesmo o presidente da República Jair Bolsonaro quis enviá-la ao Congresso ainda, para não atrair a antipatia das categorias do funcionalismo.
O governo agora tenta reverter na Câmara a derrubada do veto. O impacto da liberação dos reajustes aos servidores é estimado em até R$ 130 bilhões aos cofres públicos.
O Brasil parece ter uma grande dificuldade de enfrentar grupos organizados e discutir com transparência onde são gastos os recursos arrecadados de todos os brasileiros. Enquanto não conseguir revisar duas despesas, não conseguirá estabelecer prioridades e um projeto de país.