Coronavírus: Unicamp avalia adiar vestibular indígena para abril e mudanças em conteúdos para ‘adaptação mais produtiva’

Proposta prevê exame em abril de 2021, com ingresso de novos estudantes em agosto. Comissões debatem aplicação de novas disciplinas para elevar desempenho acadêmico. Candidatos durante vestibular indígena 2020
Antoninho Perri / Unicamp
A Unicamp avalia adiar para abril de 2021 a realização da terceira edição do vestibular indígena, em virtude dos reflexos da pandemia do novo coronavírus. Além disso, a universidade estadual estuda aplicar novas disciplinas para estudantes ingressantes, com objetivo de garantir um “período de adaptação mais produtivo” e um novo embasamento para elevar o desempenho acadêmico.
No ano passado, a prova foi realizada em dezembro e teve 1,6 mil inscritos. A proposta de alteração faz parte de um documento que o G1 teve acesso e circula entre coletivos de estudantes, professores e coordenadores de curso da universidade estadual. Nele, professores da Comissão Assessora de Diversidade Étnico-Racial (Cader), em reunião com a direção da comissão organizadora do vestibular (Comvest), formalizou a sugestão de adiamento e indiciou o mês de agosto para início de atividades.
Antes disso, a hipótese de seleção por meio de histórico escolar chegou a ser avaliada, mas deixou de ser apoiada após uma série de análises sobre a diversidade da educação indígena e questões apresentadas por estudantes da própria universidade.
“Considerando que as autoridades sanitárias orientaram para o isolamento social, a não aglomeração e a redução de viagens, devido a pandemia da Covid-19, logo, há impedimentos para locomoção das equipes do vestibular indígena – Unicamp para a realização das provas presenciais, principalmente pela especificidade das condições imunológicas da população indígena”, diz trecho.
De acordo com o diretor da Comvest, José Alves de Freitas, Neto, o debate na Comissão Central de Graduação (CCG) serve para discutir os impactos da decisão, incluindo a oferta de novas disciplinas aos ingressantes. “Se for acolhida como esperamos, a Câmara Deliberativa da Comvest votará o novo edital. Nesse novo desenho, a expectativa é que as inscrições ocorram no mês de dezembro.”
Por enquanto, a universidade avalia quantas vagas serão oferecidas e quais cidades devem ter provas.
O diretor da Comvest, José Alves de Freitas Neto
Antoninho Perri/SEC Unicamp
Novo acolhimento
Em outra parte, o documento destaca que, em meio às dificuldades decorrentes da crise sanitária iniciada em março, será preciso um novo acolhimento aos indígenas ingressantes neste ano e, portanto, a chegada de novos estudantes a partir do 2º semestre de 2021 irá facilitar as operações.
“A turma que ingressou em 2020 teve menos de duas semanas de aula. Assim como os demais estudantes, eles estão fazendo as atividades remotas de seus cursos. Mas há uma questão relacionada ao acolhimento […] a preocupação é dar o acompanhamento necessário para que eles se identifiquem com seus cursos e com a universidade. Isso tem que ser feito presencialmente”, destaca Freitas Neto.
Outra proposta que deve ser adotada a que modifica conteúdos oferecidos aos ingressantes. A previsão é de que disciplinas criadas na Faculdade de Educação e no Instituto de Estudos da Linguagem, entre outras áreas, sejam aplicadas para abordar leitura e produção de textos acadêmicos, introdução a conceitos matemáticos e reflexões sobre complexidade nas relações interculturais.
“Tal oferecimento visa colaborar para que os futuros ingressantes indígenas possam usufruir de um período de adaptação mais produtivo, além de propiciar embasamento para um melhor desempenho acadêmico”, destaca texto com proposta da Cader.
Formas erradas e corretas de usar máscara de proteção contra o coronavírus
Arte/G1
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