Consumo segue firme nos Estados Unidos apesar de demissões e avanço do coronavírus

Faltando menos de quatro meses para a eleição presidencial, os novos pedidos de auxílio-desemprego totalizaram 1,3 milhão na semana passada. Atendente com cliente em um shopping na cidade de Syracuse, nos Estados Unidos, em 10 de julho de 2020
Maranie Staab/Reuters
Os números das vendas no varejo em junho mostraram que os americanos continuam comprando, mas os dados semanais do emprego mostram que as demissões continuam no país, e o aumento nos casos de coronavírus levanta questões sobre o futuro da maior economia do mundo.
Faltando menos de quatro meses para a eleição presidencial, os novos pedidos de auxílio-desemprego totalizaram 1,3 milhão na semana passada nos Estados Unidos. As demissões continuam e a economia enfrenta um grande surto de coronavírus no sul e oeste.
Os Estados Unidos, o país com mais mortes por coronavírus, com quase 137.000 óbitos, registraram um recorde de 67.000 infecções nas últimas 24 horas.
Pedidos de seguro-desemprego nos EUA superam 50 milhões desde a pandemia
Os números do seguro-desemprego desta quinta-feira mostram uma pequena queda de 10.000 em relação ao nível da semana passada, de acordo com o relatório publicado pelo Departamento do Trabalho, que revelou que a taxa de desemprego caiu 0,3 pontos, para 11,9%.
Esses números estão um pouco acima das expectativas dos analistas, em um momento-chave, uma vez que o fim da ajuda aos autônomos sem trabalho se aproxima, em 31 de julho.
O Partido Democrata, que tenta impedir a reeleição de Donald Trump em novembro, criticou. “Esta é a décima sétima semana consecutiva em que os pedidos de subsídio de desemprego excedem um milhão”.
Taxa de desemprego nos EUA cai de 13,3% para 11,1%
O mapa do desemprego mostra uma correlação com o avanço da pandemia e o número de pedidos de seguro-desemprego. Na Flórida – atualmente um dos principais focos da doença nos EUA –, o número de solicitações dobrou em relação à semana passada, passando de 66.941 para 129.408.
A economista-chefe da consultoria HFE, Rubeela Farooqi, enfatizou que as novas solicitações de ajuda continuam altas e que o ritmo de queda em relação aos níveis observados no pior momento da crise, em março, é baixo.
Bolsas de NY avançam impulsionadas por otimismo com vacinas contra a Covid-19
“Esse ritmo pode desacelerar ainda mais nas próximas semanas em resposta a um aumento de casos”, alertou a economista, que acredita que as condições no mercado de trabalho americano permanecem “fracas”.
O confinamento para tentar conter o avanço do vírus fez com que a taxa de desemprego passasse de 3,5% em fevereiro para 14,7% em abril e depois caiu em maio e junho para 13,3% e 11,1% respectivamente.
Pedidos de seguro desemprego nos EUA
Economia G1
Uma realidade mais sóbria
Os dados de consumo foram encorajadores, com um aumento de 7,5% nas vendas no varejo, uma desaceleração em relação a maio, mas acima das expectativas dos especialistas.
Para a consultoria Oxford Economics “este relatório mostra a ilusão de um consumidor que gasta sem restrições, mas a realidade é mais sóbria e os consumidores têm cada vez mais medo de novos surtos de Covid-19”.
Atividade econômica melhora nos EUA, mas perspectivas são incertas, aponta Fed
A atividade manufatureira na região da Filadélfia, que é um sinal de vital importância para a economia industrial dos EUA, desacelerou em julho, segundo dados do Fed.
O indicador caiu três pontos em julho, ficando em +24,1, mostrando uma desaceleração no crescimento da atividade na região.
Esses dados são baseados em uma pesquisa do Fed realizada entre 6 e 13 de julho, quando o surto da pandemia de coronavírus começou no sul e oeste dos Estados Unidos.