Com disparada do preço do arroz, representante dos supermercados quer promover consumo de macarrão

Arroz está quase 20% mais caro desde o início do ano, enquanto preço do macarrão subiu bem menos. Governo zerou imposto de importação do arroz para tentar frear a alta. Se não tem arroz, que comam macarrão.
Diante da escalada dos preços do arroz, que já subiram quase 20% desde o início do ano, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto, quer promover o consumo de macarrão entre os brasileiros. O produto subiu de fato bem menos: segundo os dados do IBGE, a massa semipreparada ficou 1,79% mais cara desde janeiro.
Sanzovo, que se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro na quarta-feira (9) para discutir a alta de preços, disse que sugeriu “promovermos o macarrão, as massas, como substituição pra essa fase até entrar esse arroz e regular o mercado”.
“Esse arroz” que deve entrar, a que se refere Sanzovo, é o importado: ainda na quarta-feira, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério da Economia, decidiu reduzir a zero, até o final do ano, a alíquota do imposto de importação para o arroz em casca e beneficiado.
A expectativa é que, com o aumento da oferta, os preços deem uma trégua. Até lá, os supermercadistas sugerem substituir o produto e não fazer estoque.
“A nossa orientação é pra que não façam estoques e para que substituam”, disse Sanzovo. “Isso vai ajudar ao preço diminuir. Mais a entrada da importação. É trabalhar na oferta e na procura. É lei de mercado.(…) É isso que funciona. O resto não funciona”, completou.
Pedido de explicações
Governo notifica supermercados a explicar alta de preços dos alimentos
Também na quarta-feira, no entanto, a Secretaria Nacional do Consumidor, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, notificou representantes de supermercados e produtores de alimentos para pedir explicações sobre o aumento no preço dos alimentos da cesta básica.
Segundo o ministério, a Abras e as associações de produtores terão cinco dias para explicar a alta nos preços praticados. A partir das explicações, a Senacon vai apurar se houve abuso de preço e/ou infração aos direitos dos consumidores. Uma eventual multa pode ultrapassar os R$ 10 milhões.
“O Brasil já viveu tabelamento, já viveu congelamento de preços, produto some da prateleira, tem que caçar boi no gado. Isso o Brasil já aprendeu que não funciona”, disse Sanzovo.
Para o executivo, o problema “está na lavoura, no custo da produção, na safra baixa, no câmbio”, disse. “É assim que funciona”. O executivo afirmou que a entidade vai “mostrar a realidade” dos preços.
“Nós temos todos os relatórios. Isso (a explicação à Senacom) vai ser muito tranquilo. Eles sabem que essa oscilação está ocorrendo”, afirmou.
Segundo Sanzovo, os supermercados não buscam ganhar dinheiro com a cesta básica: “quando você olha tudo que o supermercado vende, onde ele não ganha ou ganha muito pouco é na cesta básica, porque ele ganha no resto. Muitas vezes, devido à concorrência, à competição, uma promoção, temos até margens negativas”.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro pediu “patriotismo” a donos de supermercados, para tentar reduzir o preço da cesta básica, e para reduzirem suas margens de lucro.
“Nós explicamos para o presidente que nós já estamos fazendo isso. A gente sempre fez nos produtos essenciais, cesta básica, justamente porque o setor é muito competitivo. A gente nunca consegue repassar o preço desses produtos na plenitude, no mesmo momento”, rebateu Sanzovo.
“Essa é a nossa parte, nós explicamos que nós vamos continuar fazendo isso. Que esse momento é temporário, o presidente já sabe, a ministra da agricultura já sabe, o ministro da economia já sabe, todos entendemos essa lei de mercado”, explicou.
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