Com crise provocada pelo coronavírus, desigualdade piora nas regiões metropolitanas


Segundo estudo Observatório das Metrópoles, o coeficiente de Gini subiu de 0,610 para 0,641 entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano. Em todos os 22 locais pesquisados, mais pobres perderam renda. Com o impacto da pandemia de coronavírus, a desigualdade de renda piorou nas regiões metropolitanas do país, de acordo com um levantamento realizado pelo Observatório das Metrópoles.
Segundo o estudo, o coeficiente de Gini subiu de 0,610 para 0,641 entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano no conjunto de 22 regiões metropolitanas pesquisadas.
No segundo trimestre de 2019, o Gini também marcou 0,610. O coeficiente varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 0, mais igual é uma o sociedade.
Na análise regional, o levantamento do Observatório das Metrópoles apurou a desigualdade só não piorou na região metropolitana de Maceió.
Desigualdade piora
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Pobres tiveram perdas maiores
No recorte por rendimento elaborado pelo estudo, o conjunto dos 10% mais ricos de cada região metropolitana teve redução de 3,2% nos rendimentos. Para os 40% mais pobres, essa queda foi bem mais expressiva, de 32,1%;.
Os mais ricos apresentaram crescimento da renda em nove regiões metropolitanas: Manaus, Belém, Rio de Janeiro, Goiânia, Grande São Luís, Natal, João Pessoa e Curitiba.
Na outra ponta, entre os 40% mais pobres, houve perda em todas as regiões metropolitanas.
“Em todas a regiões metropolitanas houve perda de rendimentos para o estrato mais pobre, sendo as maiores perdas nas RMs (regiões metropolitanas) de Salvador (-57,4%), João Pessoa (-50,6%) e Rio de Janeiro (-47,6%). As menores perdas se verificaram nas RMs de Natal (-8,6%), Curitiba (-9,8%) e Florianópolis (-14,4%)”, apontou o estudo coordenado pelos pesquisadores Marcelo Gomes Ribeiro e André Salata.
“Esses valores indicam que, embora os rendimentos médios tenham caído de forma generalizada no país, o perfil de sua divisão por estrato indicou um aumento da desigualdade de renda, com perdas proporcionalmente maiores para os mais pobres e perdas inferiores para os grupos com maiores rendimentos.”
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Desigualdade racial
O levantamento também apurou a diferença de rendimento entre brancos e negros.
Pelo estudo, no segundo trimestre, os negros tinham um rendimento médio correspondente a 57.4% do rendimento dos brancos. No mesmo período do ano passado, essa relação era de 56,3%.
Apesar da melhora, os autores do estudo apontam que “não é possível afirmar que esse é um fenômeno que se replica da mesma forma em todas as regiões metropolitanas.”
“Em algumas delas os dados indicam um cenário de aumento gradual e constante da renda relativa dos negros nos últimos anos, como no caso de Manaus (de 43.9% para 61.1%), Teresina (de 53.7% para 60.6%) e Belo Horizonte (de 52.4% para 56.4%). Por outro lado, em metrópoles como Grande Vitória (de 54.8% para 51%), Rio de Janeiro (de 53.4% para 47.4%) e São Paulo (de 46.1% para 42.8%), os dados indicam uma tendência de aumento das desigualdades raciais.”
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