Cloroquina será usada no Ceará para pacientes no início da internação

A cloroquina e a hidroxicloroquina passaram a integrar oficialmente o protocolo de atendimento de pacientes no Ceará diagnosticados com a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

O documento que detalha a aplicação do medicamento foi divulgado nesse sábado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Junto com a substância, o protocolo recomenda o uso, a depender da situação, de terapia antiviral para influenza, profilaxia de trombose venosa profunda e corticoterapia.

Até ontem, o Ceará registrava 74 óbitos e 1.668 casos confirmados da enfermidade desde 15 de março, quando as três primeiras pessoas foram infectadas pela patologia. Desse total, 1.457 casos e 58 mortes se concentram em Fortaleza. A doença, no entanto, já chegou a mais de 50 municípios, num processo de interiorização.

Uma nota técnica da secretaria informa que os “estabelecimentos que receberão cloroquina e hidroxi deverão ser hospitais, preferencialmente aqueles com plano de contingência para Covid-19 e Unidades de Pronto Atendimento”.

Titular da pasta da Saúde, o médico cardiologista Carlos Roberto Martins Rodrigues, o Cabeto, disse ao O POVO que “as poucas evidências que temos fazem com que a gente coloque a cloroquina no início da internação, assim como outras estratégias previstas no protocolo”.

Disponível no site da Sesa, a cartilha de atendimento de suspeitos de covid-19 divide-se em quatro estágios. O primeiro, ainda em casa, é de autoavaliação. O segundo, nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou nas emergências, prevê atendimento médico.

O terceiro estágio do protocolo inclui internação hospitalar com utilização da cloroquina e o quarto, encaminhamento para leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com uso da ventilação mecânica.

De acordo com Cabeto, esse passo a passo pode ser seguido por municípios, hospitais e outras unidades autorizadas pelo Estado. “Fizemos um protocolo bem objetivo para que as pessoas pudessem uniformizar o atendimento. E a cloroquina entrou, evidentemente, em nível de internação”, explicou.

Ainda conforme o secretário, o Ceará prepara também uma nova ferramenta no combate ao coronavírus. “O Estado está fazendo uma coisa chamada ‘Registro Covid’, que é um protocolo de preenchimento no qual todos os casos serão analisados detalhadamente por semana”, continua Cabeto, “para que a gente possa medir as implicações de benefícios terapêuticos em cada situação específica”.

O médico acrescenta que a função desse novo processo é ajudar a acumular “dados científicos para fortalecer essas indicações (de uso de remédios como a cloroquina) que são, do ponto de vista científico, muito vulneráveis”.

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a cloroquina vem sendo defendida pelo presidente Jair Bolsonaro para tratar dos doentes, mesmo não havendo garantias científicas de que o medicamento surte efeitos contra a patologia.

Matéria originalmente publicada em O Povo e reproduzida com autorização