CEO da Pfizer diz que desenvolvimento da vacina não será ‘influenciado pela política’

Dois dias depois do presidente Estados Unidos, Donald Trump, mencionar a Pfizer durante o primeiro debate da eleição presidencial, o CEO da farmacêutica, Albert Bourla, disse que o desenvolvimento da vacina experimental contra a Covid-19 não será influenciado pela política. “A Pfizer nunca sucumbiria a pressões políticas”, escreveu Bourla em uma carta encaminhada aos funcionários da companhia e obtida pelo Wall Street Journal. “A única pressão que sentimos — e ela pesa — são os bilhões de pessoas, milhões de empresas e centenas de funcionários do governo que dependem de nós”, afirmou o empresário.

No debate realizado nesta terça-feira, 29, Trump disse que havia falado com a Pfizer e com a Johnson & Johnson e garantiu que “faltavam semanas para que uma vacina estivesse pronta”. O CEO da Pfizer afirmou que “ficou desapontado” com o fato das vacinas terem sido discutidas durante o debate presidencial “em termos políticos, ao invés de científicos”. Tanto o imunizante que está sendo fabricado pela Pfizer, em parceria com a BioNtech, tanto o da Johnson & Johnson, estão em fase 3 de testes. No dia 12 de setembro, a Pfizer e a BioNtech anunciaram que queriam expandir os testes nos EUA para 43 mil voluntários. No mesmo mês, o governo Trump fechou um contrato de US$ 1,9 bilhão para a entrega de 100 milhões de doses até dezembro, além da opção de adquirir mais 500 milhões. Já a vacina que está sendo desenvolvida pela Janssen Pharmaceuticals, do grupo Johnson & Johnson, começou a ser testada em grande escala nos EUA recentemente. De acordo com a empresa, a expectativa é que 60 mil pessoas ao redor do mundo, incluindo no Brasil, sejam testadas até outubro. A vacina da Janssen, chamada Ad26.COV2.S, utiliza uma tecnologia baseada em um adenovírus recombinante não-replicativo para gerar uma resposta imunológica contra uma das proteínas do coronavírus.

Debate

Os Estados Unidos é o país com mais mortes e casos de Covid-19 em todo mundo, mas segundo Trump, que garantiu a vacina para “daqui a algumas semanas”, o trabalho que seu governo tem feito é “fenomenal”. “Se nós tivéssemos ouvido você o país estaria aberto. Você não sabe quantas pessoas morreram na China, na Rússia, na Índia. Me chamou de xenófobo, racista, disse que não deveríamos fechar o país. Eu fiz isso, e disseram que Trump salvou vidas, fizemos um trabalho fenomenal. Poucas pessoas estão morrendo”, disse o presidente, que ainda afirmou que a “imprensa negativa” atrapalha a gestão da pandemia.

O candidato democrata Joe Biden insistiu que Trump “não tem um plano” contra o vírus, e relembrou que no início da pandemia, o presidente não acreditou na gravidade da infecção, e que se assustou. “Esperou, esperou, e não tem um plano. Deveríamos estar garantindo equipamentos de segurança, aprovando dinheiro na Câmara para garantir a ajuda que as pessoas precisavam, pequenos empresários. Sair do campo de golfe. Ir ao Congresso e salvar vidas”. O candidato do Partido Democrata também levantou a questão do uso de máscaras, lembrando de declarações contrárias ao equipamento dadas pelo presidente. “Você tem sido totalmente irresponsável na questão do isolamento e do uso de máscaras”, disse.

* Com informações do Estadão Conteúdo