Bruno Funchal é escolhido sucessor de Mansueto Almeida no Tesouro Nacional
SÃO PAULO – O economista Bruno Funchal é o escolhido pelo ministro Paulo Guedes (Economia) para substituir Mansueto Almeida à frente do Tesouro Nacional, conforme nota do ministério da Economia desta segunda-feira (15). Atual diretor de programas do Ministério, seu nome é visto no mercado como um bom sinal da pasta para a continuidade das medidas adotadas. O economista assumirá o cargo definitivamente em 31 de julho.
Bruno Funchal tem PhD em economia pela FGV e pós-doc no IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada). Foi secretário de Fazenda do Espírito Santo entre 2017 e 2018 no governo Paulo Hartung, onde implementou um programa de ajuste fiscal. O estado é o único com nota A no “rating” do Tesouro.
No ministério, ele é o responsável pela interlocução com estados. Defende a adoção unificada de critérios fiscais para os entes e conduziu as negociações para a aprovação, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, do plano de ajuda a estados e municípios durante a pandemia.
Na discussão sobre repasse de recursos para governadores e prefeitos, apoiou a adoção do repasse segundo um critério que estabelecia valor fixo – movimento que contrastou com versão em discussão pelos deputados, que previa compensação integral de perdas por ICMS e ISS em função da crise, o que era visto pela equipe econômica como muito custoso e um incentivo à má gestão fiscal dos entes.
A decisão por Funchal ocorre um dia após Mansueto Almeida oficializar sua saída do posto. O atual secretário pretende cumprir um período de transição até deixar o posto entre julho e agosto, quando o governo pretende intensificar as discussões para a agenda econômica pós-coronavírus.
Para o analista político Paulo Gama, da XP Investimentos, o novo secretário assumirá em um ambiente conturbado e sofrerá uma série de pressões dentro do próprio governo e de lideranças do Congresso Nacional.
“A figura do secretário do Tesouro Nacional historicamente sofre pressão de dentro do governo, do Congresso, e é sempre a pessoa chata que tem que dizer ‘não’. É uma pessoa que não é bem-vista geralmente pelo Congresso e dentro de alguns ministérios”, avalia.
“O novo secretário vai ser testado e vai precisar falar ‘não’, e tanto governo quanto Congresso vão testar esses limites para ver qual é o grau de convicção em cumprir o ajuste e trancar a chave do cofre”, prevê.
A proximidade das eleições municipais e a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus também poderão aumentar a demanda de diversos atores por recursos, assim como o movimento de aproximação do Palácio do Planalto junto ao chamado “centrão”, que aos poucos passa a ocupar espaços relevantes no governo federal.
“Esses partidos não querem a posição pela posição, mas porque elas são ordenadoras de despesas. É de lá que é possível gerar benefício para as bases, são as posições que definem para onde o orçamento vai ser direcionado. Só vale a pena se houver tinta na caneta”, diz.
“É um momento em que o próprio Mansueto já sofreria uma pressão extra para direcionar recursos para essas posições. Quem entra no lugar tem uma tarefa que não é simples”, complementa (veja análise completa aqui).
Para os analistas da consultoria de risco político Eurasia Group, embora a saída de Mansueto não ocorra em um contexto de atritos internos, ela tende a ter efeitos negativos para o governo. A despeito das dificuldades de substituí-lo, os especialistas não acreditam em uma postura menos conservadora quanto à gestão fiscal.
“Além de seu conhecimento dos trabalhos internos da burocracia e sua credibilidade junto ao mercado, ele construiu fortes e confiáveis relações com os líderes dos principais partidos no Congresso e é um comunicador eficaz para a mídia”, pontuam.
Mansueto afirmou ter decidido sair do governo neste momento porque a equipe econômica vai começar a discutir no segundo semestre a agenda pós-pandemia e a condução desse trabalho deve ser feita por quem vai ficar até o final do governo. “Eu poderia ficar até o final do ano no Tesouro, mas não faria sentido, pois isso tem que ser feito por quem vai ficar até o final do mandato”, destacou.
Confira a nota do ministério da Economia na íntegra:
O Ministério da Economia comunica que iniciou a transição no comando da Secretaria do Tesouro Nacional. O economista Bruno Funchal assumirá o cargo definitivamente em 31 de julho.
Ele é bacharel pela Universidade Federal Fluminense. É doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) – RJ, com pós-doutorado pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada – IMPA. É professor titular da FUCAPE Business School. Foi pesquisador visitante na Universidade da Pensilvânia.
Em 2017 e 2018, Funchal foi Secretário de Fazenda do Espírito Santo e um dos responsáveis pelo processo de ajuste das contas públicas. Estava no cargo quando o estado foi o único que recebeu nota A do Tesouro Nacional.
Desde o início do governo Jair Bolsonaro, ele integra a equipe da secretaria de Fazenda como diretor de programa e trabalha pelo ajuste fiscal do país. Foi um dos técnicos responsáveis para elaboração do projeto do Pacto Federativo.
O Ministério da Economia agradece a Mansueto Almeida pelo compromisso com a equipe que chegou com o novo governo e por todo trabalho realizado à frente do Tesouro Nacional em prol do reequilíbrio das contas do país.
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