Bolsonaro toma hidroxicloroquina, remédio sem eficácia comprovada contra a covid-19
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicou nesta terça-feira (7) um vídeo em suas redes sociais tomando um comprimido de hidroxicloroquina, medicamento para malária que já é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ineficaz no tratamento da covid-19.
Mais cedo, o líder nacional havia anunciado que teve resultado positivo em teste para o novo coronavírus. Também mais cedo, a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, reafirmou que a substância é completamente ineficaz no tratamento da covid-19, motivo que levou a entidade a suspender, em definitivo, os ensaios com a hidroxicloroquina.
“Interrompemos o ensaio da hidroxicloroquina pela segurança, já que não podemos colocar a vida das pessoas em risco. Temos evidências suficientes para saber que não há nenhum impacto para pacientes hospitalizados com covid-19”, comentou Soumya.
Apesar da contra-indicação, Bolsonaro fez questão de mostrar que ainda tem fé na medicação, que já vinha tomando mesmo antes do resultado positivo.
“Estou tomando aqui a terceira dose da hidroxicloroquina. Estou me sentindo muito bem, estava mais ou menos no domingo, mal na segunda-feira, hoje, terça, estou muito melhor do que sábado, então, com toda certeza, está dando certo”, comentou o presidente no vídeo.
“Sabemos que hoje em dia existem outros remédios que podem ajudar a combater o coronavírus, sabemos que nenhum tem sua eficácia cientificamente comprovada, mas mais uma pessoa que está dando certo, então eu confio na hidroxicloroquina”, complementou ele.
Assim como o presidente dos EUA, Donald Trump, o líder brasileiro continua sendo um defensor dedicado do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para tratamento da infecção respiratória provocada pelo novo coronavírus.
Por determinação do presidente, o Ministério da Saúde, comando interinamente pelo general Eduardo Pazuello, estabeleceu um protocolo de uso ampliado dos medicamentos para tratar a covid-19, mesmo em casos leves da doença, apesar de diversos países do mundo terem proibido a cloroquina citando preocupações com a saúde dos pacientes devido a possíveis efeitos colaterais.
Até o fim do mês passado, o Ministério da Saúde já havia entregue 4.374.000 unidades de cloroquina aos Estados brasileiros, de acordo com números da pasta.