Bolsonaro diz que sanciona nesta quarta auxílio emergencial de R$ 600; pacote total é de R$ 200 bi, diz Guedes
SÃO PAULO – O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (1), em coletiva de imprensa, que sancionará hoje o pacote de auxílio emergencial de R$ 600 mensais ao longo de três meses para brasileiros de baixa renda que sejam autônomos, informais ou microempreendedores individuais. O anúncio é feito dois dias depois de o texto ser aprovado pelo Senado, o que gerou críticas ao presidente pela demora.
Segundo o presidente, esse auxílio custará R$ 98 bilhões ao Tesouro Nacional e chegará a 54 milhões de pessoas. Vale lembrar que os beneficiários do Bolsa Família, por já terem cadastro junto ao governo, devem receber o auxílio primeiro, seguidos por informais que estão no Cadastro Único, autônomos que pagam INSS e, por fim, quem não está em nenhum desses bancos de dados. Não foi informado como essa última leva será incluída.
No mesmo pronunciamento, Bolsonaro mencionou que apresentará “de hoje para amanhã” uma MP trabalhista que visa evitar desemprego, com custo estimado em R$ 51 bilhões; a MP de crédito para empresas, na ordem de R$ 34 bilhões; por fim, o apoio para estados e municípios com socorro emergencial de R$ 16 bilhões.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo irá cobrir diferenças de salários dos trabalhadores que tiverem jornada reduzida em 20%, 25% ou 30% em um programa de R$ 51 bilhões. “Se a empresa está com dificuldade e quiser reduzir salário, o governo vai lá e paga”, disse Guedes.
Ele também lembrou que o governo está injetando R$ 34 bilhões dentro do crédito para pagamento de folha salarial e calculou total de R$ 200 bilhões com a soma das medidas.
“Tanto o programa de complementação salarial quanto o programa de crédito para financiamento da folha estão sendo assegurados. O total é de R$ 200 bilhões: 2,6% do PIB”, disse Guedes.
O que é o auxílio emergencial
A medida emergencial foi incluída no PL 9.236/17, de autoria do deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG). Ela permite a duas pessoas de uma mesma família acumularem benefícios: um do auxílio emergencial e um do Bolsa Família. Se o auxílio for maior que a bolsa, a pessoa poderá fazer a opção pelo auxílio.
Para as mães que são chefe de família (família monoparental), o projeto permite o recebimento de duas cotas do auxílio, totalizando R$ 1,2 mil.
Em um segundo projeto de lei, os senadores estudam incluir o auxílio em dobro para homens que criam os filhos sozinhos, e retirar a proibição do pagamento do auxílio a quem tenha recebido rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 em 2018.
A renda média será verificada por meio do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) para os inscritos e, para os não inscritos, com autodeclaração em plataforma digital. Serão considerados todos os rendimentos obtidos por todos os membros que moram na mesma residência, exceto o dinheiro do Bolsa Família.
Para ter acesso ao auxílio, a pessoa deve cumprir, ao mesmo tempo, os seguintes requisitos:
- Ser maior de 18 anos de idade;
- Não ter emprego formal;
- Não receber benefício previdenciário ou assistencial, seguro-desemprego ou de outro programa de transferência de renda federal que não seja o Bolsa Família;
- Ter renda familiar mensal per capita (por pessoa) de até meio salário mínimo (R$ 522,50) ou renda familiar mensal total (tudo o que a família recebe) de até três salários mínimos (R$ 3.135,00); e
- Não ter recebido rendimentos tributáveis, no ano de 2018, acima de R$ 28.559,70.
Cumprindo todos esses requisitos, receberão o auxílio os candidatos que se enquadrem em uma das condições abaixo:
- Exercer atividade na condição de microempreendedor individual (MEI);
- Ser contribuinte individual ou facultativo do Regime Geral de Previdência Social (RGPS);
- Ser trabalhador informal inscrito no Cadastro Único;
- Ser trabalhador intermitente com vínculo inativo;
- Ter cumprido o requisito de renda média até 20 de março de 2020.
Segundo o projeto, o auxílio emergencial será pago por bancos públicos federais por meio de uma conta do tipo poupança social digital.
Essa conta será aberta automaticamente em nome dos beneficiários, com dispensa da apresentação de documentos e isenção de tarifas de manutenção. A pessoa usuária poderá fazer ao menos uma transferência eletrônica de dinheiro por mês, sem custos, para conta bancária mantida em qualquer instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central.
A conta pode ser a mesma já usada para pagar recursos de programas sociais governamentais, como PIS/Pasep e FGTS, mas não pode permitir a emissão de cartão físico, cheques ou ordens de pagamento para sua movimentação.
Se a pessoa deixar de cumprir as condições estipuladas, o auxílio deixará de ser pago. Para fazer as verificações necessárias, os órgãos federais trocarão as informações constantes em suas bases de dados.
O Executivo poderá prorrogar o pagamento do auxílio enquanto durar a pandemia do novo coronavírus.
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