Após desembarcar nos EUA, Weintraub é finalmente exonerado do MEC
No mesmo dia em que se apresentou como ministro ao desembarcar nos Estados Unidos, Abraham Weintraub foi exonerado do cargo de chefe do Ministério da Educação (MEC). O ato foi publicado no Diário Oficial da União, em edição extra, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. O decreto, datado deste sábado (20), diz apenas que o ministro foi exonerado “a pedido” nesta data.
Economista, o ex-ministro deve assumir uma representação brasileira no Banco Mundial. O salário no cargo é de US$ 21,5 mil mensais (cerca de R$ 115,9 mil), quase quatro vezes mais do que ele ganhava como ministro (R$ 31 mil). De quebra, irá se sentir mais seguro.
“Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). Não quero brigar! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!”, escreveu o ex-ministro no Twitter, antes de deixar o país. À CNN Brasil, ele reforçou: “A prioridade total é que eu saia do Brasil o quanto antes. Agora é evitar que me prendam, cadeião e me matem”, disse.
Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro indicaram nas redes sociais que a nomeação de Weintraub para o Banco Mundial não se trata de um prêmio de consolação, mas de uma estratégia do presidente para tirar o ex-ministro do país e evitar sua prisão pelo Supremo Tribunal Federal. Weintraub é investigado no inquérito das fake news, que tramita na Corte e já determinou a prisão de vários alvos.
O youtuber Bernardo Küster, um dos alvos do inquérito das fake news, foi o mais explícito. Num vídeo, afirmou que Weintraub vai exercer um cargo no exterior para “fugir” de ser preso pelo Supremo. “Estão articulando a prisão desse homem e a vida dele vai de complicar. O Supremo já sinalizou que não vai dar moleza para ele quando o mantiveram no inquérito das fake news”.
Se continuar solto e for mesmo morar nos EUA, Weintraub deve seguir na defesa do presidente Jair Bolsonaro, mas, sobretudo, quer aumentar sua influência nas redes sociais e se projetar como um líder da direita. A interlocutores, ele admite usar a projeção que ganhou no MEC para concorrer a governador de São Paulo ou a senador em 2022.
Ao ocupar um posto de diretor do Banco Mundial também deve se aproximar ainda mais do guru Olavo de Carvalho, que mora no estado americano de Virginia. O ex-ministro também pretende manter relação com o diplomata olavista Nestor Forster, encarregado de negócios da embaixada brasileira na capital americana. Embora ex-alunos do guru bolsonarista, os dois não se conhecem pessoalmente. Por fim, Weintraub deseja também ser um interlocutor do grupo do presidente Donald Trump.
A indicação de Weintraub para o Banco Mundial já foi feita pelo Ministério da Economia, mas ainda depende de aprovação de outros países – o que deve ser apenas uma formalidade. Em nota, o banco explicou que o cargo do ex-ministro consiste em representar o Brasil no Conselho de Diretor Executivos do Banco Mundial. O grupo do Brasil ainda tem Colômbia, Equador, Filipinas, República Dominicana, Panamá, Haiti, Suriname e Trindad e Tobago. São esses os países que têm de aprovar a indicação do ex-ministro.
Se aprovado, Abraham Weintraub ficaria no cargo até o dia 31 de outubro, quando acaba o atual mandato.