Amigos e autoridades lamentam a morte de Jaime Sodré: ‘Ícone cultural nacional’

A morte do historiador e professor Jaime Sodré nesta, aos 73 anos, em Salvador, movimentou as redes sociais nesta quinta-feira (6). Referência nos estudos da História da Cultura Negra e Estudos das Religiões de Matriz Africana, Sodré ficou conhecido também por fazer denúncias na prática da intolerância religiosa.

Amigos e autoridades lamentaram a partida do intelectual baiano e destacaram a importância da sua contribuição para a cultura nacional. 

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), destacou o legado de Sodré. “Uma das principais referências no Brasil em História da Cultura Negra, o professor e historiador Jaime Sodré deixa uma obra muito importante para a compreensão de nossa identidade. Lamento muito a sua morte e desejo que Deus dê muita força a seus familiares e amigos”, lamentou Neto nas redes sociais.

O presidente da Fundação Gregório de Matos (FGM), Fernando Guerreiro, disse que o professor Jaime “sempre deu aulas de vida”. “Com um conhecimento ancestral, levava tudo com uma leveza e generosidade que encantava. Não tenho mais palavras, só emoção de perder um grande amigo e conselheiro, gênio da raça”, afirmou, em nota.

A deputada estadual Olívia Santana também comentou. “Acabo de receber a noticia da morte do professor e historiador, Jaime Sodré, meu amigo e ex-vizinho. Mais uma terrível perda para a luta antirracista e para todo o povo baiano. Momento de muita dor. Que ano difícil”, escreveu ela, nas redes sociais.

Muito emocionada, a jornalista e doutora em antropologia Cleidiana Ramos contou ao CORREIO que considerava Sodré como um pai. “O professor Jaime Sodré foi um dos grandes intelectuais que eu conheci. A nossa relação de fonte e repórter virou para uma grande amizade passei a considerá-lo um padrinho. Gentil, com uma sensibilidade inigualável para a arte, pois era compositor, artista plástico, escritor. Era xicarangoma, sacerdote músico, do Tanuri. Junsara e oloê, uma espécie de conselheiro do Bogum. Tinha um verdadeiro amor pela sua religião, o candomblé, e um ativista contra o racismo e a intolerância religiosa pela via da educação. É uma perda inigulável”, lamentou.

Doutor em Sociologia (USP) e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), o professor Fábio Nogueira publicou uma homenagem ao educador: “Lamento a perda desse ícone cultural nacional, um verdadeiro acervo intelectual para nós. Meus sentimentos aos familiares e amigos”.

Amiga de Jaime Sodré, a diretora baiana Fabiola Aquino publicou uma homenagem. “São dias tristes por sucessivas e dolorosas perdas de nossos importantíssimos griôs, intelectuais e pensadores negros que nos deram lastro e norte para melhor compreender o mundo repleto de contradições e coisas belas. Exemplos de uma luta que esta longe de cessar. Hoje partiu para o Orun Mestre Jaime Sodré, fonte de grande inspiração na tessitura da montagem de “Àkàrà no fogo da intolerância”, um dos cantos digitais onde o nosso amigo Jaime viverá para sempre, entre nossos corações e os frames do documentário. Que sejamos capazes de honrar todo extenso e valoroso legado que construiu e avançarmos, JUNTOS, na luta pela cultura da paz promovendo o diálogo inter-religioso. Descanse em paz bom amigo”, escreveu.

Jaime Sodré foi personagem no documentário “Àkàrà no fogo da intolerância”, lançado em junho/2020, que teve produção executiva de Fabiola.