Alunos de SC que fariam vestibular no meio do ano seguem na rotina de estudos: ‘planos se complicaram’


Por causa do coronavírus, instituições como Udesc e Acafe suspenderam processo seletivo presencial. ‘Aconselhamos alunos a adaptarem suas rotinas’, diz psicóloga de cursinho. Estudante Brunah estuda em casa durante pandemia do coronavírus
Brunah Rieth Castro Silva/Arquivo pessoal
Estudantes estão precisando se acomodar em uma nova rotina de estudos com a suspensão dos vestibulares presenciais que seriam feitos no meio do ano por instituições catarinenses. A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e a Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe) fizeram mudanças por causa da pandemia.
O vestibular de inverno da Udesc teve o cronograma e prazos suspensos. A universidade informou por meio de assessoria que alternativas estão sendo estudadas e que deverá informá-las na próxima semana.
Na Acafe, que congrega 11 universidades e cinco centros universitários, o vestibular do meio do ano foi substituído por outro processo de seleção. Este método será feito via internet e levará em conta as notas do Enem de 2015 a 2019. As inscrições começam em 8 de junho e terminam em 21 do mesmo mês.
Brunah Rieth Castro Silva, de 18 anos, foi uma das candidatas afetadas. Ela, que mora em Florianópolis, mirava o vestibular de da Udesc que seria realizado em junho para uma vaga no curso de Administração.
“Eu já tinha o meu ano planejado, e ia fazer o vestibular de inverno da Udesc. Porém, com tudo que aconteceu em relação à pandemia, esses planos se complicaram. Apesar de ficar chateada por não poder fazer a prova, fico feliz que esta medida tenha sido tomada”, disse.
Estudante Filipe estudando em casa com notebook
Filipe Bitencourt Stefen/Arquivo pessoal
Outro aluno que também faria o vestibular da Udesc em junho é Filipe Bitencourt Stefen, também de 18 anos e morador da capital. “Em uma época de pandemia, foi certa a decisão da Udesc. Mas ao menos acho que deveriam adiar, e não ter feito como fizeram. Muitas pessoas estavam se esforçando para passar nessa metade de ano”, disse.
Alice Rossi, de 28 anos, trabalha como psicóloga em um curso pré-vestibular da capital e falou sobre como as incertezas atingem os estudantes. “Percebemos que os alunos se afetam bastante com a falta de perspectiva. Essa incerteza desestabiliza a ideia de manter uma rotina e um cronograma de estudo. Antes trabalhávamos com um calendário fechado de datas; hoje a maioria está em suspensão. Isso gera bastante ansiedade e algumas perguntas de ‘por que devo continuar estudando? quando as coisas vão se normalizar?'”, relatou.
Rotina em meio à pandemia
Sem datas definidas, Brunah e Filipe tentam estudar com aulas a distância. “É difícil manter uma rotina com estudos em casa, são muitas as distrações. Porém sigo o meu planejamento semanal”, disse Brunah. “As minhas aulas EAD [educação a distância] seguem o horário tabelado como nas presenciais. E mesmo sendo muito difícil acordar cedo para nem sair de casa, esforço-me para não perder nenhuma aula. Uso a parte da tarde e um pouco da noite para revisar toda a matéria dada no dia”, detalhou.
Psicóloga Alice faz acompanhamento de estudantes de curso pré-vestibular durante pandemia
Alice Rossi/Arquivo pessoal
A rotina de Filipe é semelhante. “De manhã, tenho aula EAD, o que me deu um gás. Com tudo que estava acontecendo, eu estava muito desanimado. As aulas são boas, à tarde leio um pouco dos livros relacionados aos vestibulares”, relatou. Mas ele sente falta das aulas presenciais. “O problema é que nunca parece ser suficiente [a distância]”, completou.
Sobre os desafios de estudar em casa, a psicóloga Alice Rossi aconselha os estudantes a adaptarem suas rotinas e mudarem o ritmo de estudo. “É diferente estudar em um ambiente propício para o estudo, como a sala de aula ou uma biblioteca, e estudar em casa. Saber que somos sim afetados pelos medos e angústias da pandemia. Por isso, devemos encarar esse momento com mais tranquilidade”, contou.
Aula em vídeo de curso pré-vestibular durante pandemia
Alice Rossi/Arquivo pessoal
Mesmo com as mudanças inesperadas, os alunos afirmaram que seguem firmes nos estudos. “No momento, eu pretendo seguir fazendo o cursinho até o final de ano, prestar Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] e também Udesc de verão. Isso irá atrasar o meu ingresso na faculdade, mas, por outro lado, terei mais tempo de me preparar’, disse Brunah.
No caso de Filipe, ele faria o vestibular do final de 2020 só se não passasse no exame do meio do ano, mas os planos mudaram com a pandemia.
“Eu tenho intenção de fazer o Enem caso não passe na metade do ano em algum dos dois cursos que tenho em mente. Mas ainda tenho um pé atrás, pois não tenho noção de nada sobre o futuro, creio que ninguém tenha, e de como vai estar tudo daqui a alguns meses” declarou. Além da Udesc, ele também quer prestar o exame para engenharia civil na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
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