Alexandre de Moraes fala em “mecanismo coordenado” dedicado às fake news e participação de empresários
SÃO PAULO – O ministro Alexandre de Moraes, relator do chamado inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF), disse, em despacho sobre a operação de buscas e apreensões realizada nesta quarta-feira (27), que provas colhidas durante as investigações e laudos técnicos apresentados “apontaram para a existência de uma associação criminosa” ligada à disseminação de notícias falsas.
Nesta manhã, a Polícia Federal cumpriu 29 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina. Entre os alvos, estão o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), o empresário Luciano Hang, dono da Havan, e os blogueiros Allan dos Santos e Sara Winter. Todos aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Alexandre de Moraes também determinou que parlamentares bolsonaristas sejam ouvidos no inquérito em até dez dias. Estão na lista os deputados federais Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio Amaral (PSL-MG) e Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP); e os deputados estaduais Douglas Garcia (PSL-SP) e Gil Diniz (PSL-SP).
“As provas colhidas e os laudos técnicos apresentados no inquérito apontaram para a existência de uma associação criminosa dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”, afirmou o magistrado em despacho.
“As investigações também apontaram que toda essa estrutura, aparentemente, estaria sendo financiada por empresários que, atuando de maneira velada, fornecem recursos das mais variadas formas para os integrantes dessa organização, inclusive impulsionando vídeos e materiais contendo ofensas e notícias falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas e a independência dos poderes”, continuou.
O ministro fala ainda na existência de “um mecanismo coordenado de criação, divulgação e disseminação de notícias ofensivas e fraudulentas por intermédio de publicações em redes sociais, atingindo um público diário de milhões de pessoas, de maneira a expor a perigo de lesão a independência dos poderes e o Estado de Direito”. O inquérito corre sob sigilo.
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